Há menos de três meses, o Anel Rodoviário, por onde circulam 100 mil veículos diariamente, aparecia em primeiro lugar no ranking das vias mais violentas da Grande Belo Horizonte.
Em períodos chuvosos, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registrava uma média de 15 acidentes por dia nos 26,8 km de extensão da rodovia. Com a conclusão do recapeamento do asfalto, no início deste ano, os acidentes caíram pela metade.
Segundo o comandante da 7ª Companhia da PRE, major Antônio Pereira Carvalho, o Anel agora aparece em quinto lugar na lista, atrás das avenidas Amazonas, Cristiano Machado e dois trechos da Contorno, todos na capital.
A comparação entre os números de acidentes e mortes registrados no Anel Rodoviário, antes e depois das obras, ainda não foi concluída pela PRE. No entanto, o major Carvalho garante que a tranquilidade é maior entre os motoristas e pedestres que passam pela rodovia, depois da recuperação.
“A reforma do asfalto terminou num período crítico por causa da chuva e por isso ainda não fechamos as estatísticas. Mas hoje não há mais reclamação de pessoas que sofreram acidentes ao desviar de um buraco. Os casos agora são provocados por problemas mecânicos ou imprudência na condução dos veículos”, disse.
A velocidade máxima permitida no Anel é de 80 km/h, reduzindo para 70 km/h nos cinco pontos onde estão instaladas as lombadas eletrônicas. Porém, o major Carvalho afirma que os limites não estão sendo respeitados em alguns trechos.
“Nossa grande preocupação agora é com o excesso motivado pelas boas condições das pistas. Na reta próximo ao shopping Del Rey (bairro Caiçara, região Noroeste), os veículos chegam a 150 km/h”, afirmou.
O policial disse que a PRE realiza frequentemente a operação Trânsito Seguro na rodovia, para coibir os abusos. “Um dos pontos da operação é entre o KM 1 e KM 6 (bairro Olhos D’Àgua, no Barreiro), onde os veículos de carga descem em alta velocidade”, ressaltou.
Atropelamentos
O major Carvalho também destacou a importância das novas passarelas construídas no Anel. Três trechos onde os atropelamentos aconteciam com maior frequência foram destacados por ele: KM 3, próximo à subestação da Cemig (bairro Bonsucesso, no Barreiro); KM 23, em frente à unidade da Pontifícia Unidade Católica de Minas (PUC Minas) do São Gabriel (região Nordeste); e KM 25, pouco antes da entrada para Sabará (no bairro Goiânia, também na região Nordeste).
A assessoria de comunicação da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que cinco das oito novas passarelas estão concluídas. O restante, de acordo com a assessoria, ficará pronto até o final deste mês.
Reivindicação
O marceneiro Humberto Guimarães Coelho, 47, que há 29 anos mora no Bonsucesso, disse que a passarela que foi colocada no bairro era uma reivindicação antiga dos moradores.
“Cansamos de queimar pneus no meio da pista em protesto aos constantes atropelamentos que ocorreriam aqui”, afirmou.
“A gente ficava meia hora para conseguir atravessar os dois sentidos do Anel e tinha que se jogar entre os carros. A preocupação maior era com as crianças, que fazem a travessia duas vezes por dia para ir à escola”, disse a diarista Célia Cristina Ramos, 27, outra moradora do bairro.
Os motoristas também estão satisfeitos. “Acabou a buracada e a sinalização está muito melhor”, ressaltou José Eustáquio da Silva, 51, que trabalha numa transportadora.
“Sem buraco, o trânsito fica mais solto e o risco de engarrafamentos é menor”, disse o técnico em eletrônica Antônio Carlos Nascimento, 53.
As obras no Anel tiveram um custo de R$ 72 milhões e foram bancadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (R$ 14,5 milhões) e pelo governo federal. O projeto foi doado à administração municipal pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Margens são usadas como bota-fora
Terminada a recuperação do Anel Rodoviário, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) vai trabalhar em parceria com a prefeitura para evitar que as margens da rodovia sejam usadas como bota-fora de entulhos.
“Detectamos que alguns caminhões estão despejando terra, areia e outras sobras de construção em alguns pontos do Anel. Com a chuva, esse entulho pode entupir as canaletas e provocar alagamentos na pista”, observou o comandante da 7ª Companhia da PRE, major Antônio Pereira Carvalho.
Segundo ele, um dos pontos é o KM 19, próximo à BR–040, no bairro João Pinheiro, região Noroeste.
“A prefeitura está utilizando um espaço nesse ponto como depósito provisório das sobras da reforma do Anel. Muita gente acha que é uma base de bota-fora e despeja o entulho lá. Mas as sobras que estão nesse local serão levadas para o aterro e a área será gramada”, disse o policial.
De acordo com o major, os caminhões que forem flagrados despejando entulho às margens do Anel serão autuados. O veículo poderá ficar retido. Os telefones para denúncias são 190, (31) 2123-1903 ou (31) 2123-1926.