As viagens de réveillon aumentaram em 20% o movimento nas estradas de Minas, nesta sexta-feira, e colocaram em alerta máximo os patrulheiros. Para coibir abusos e evitar acidentes, as polícias rodoviárias Federal e Estadual iniciaram, durante a manhã, operação para reforçar a fiscalização. Todo o efetivo das duas corporações, inclusive o pessoal administrativo, estará nas pistas até a terça-feira. Os riscos aumentam com a previsão de chuvas e as más condições de alguns trechos. O esquema especial para o feriadão começou com violência nas rodovias: até o início da noite, pelo menos seis pessoas morreram em batidas.

A expectativa é de que, até o fim da tarde deste sábado, pelo menos 200 mil veículos passem pelas principais saídas de Belo Horizonte. A maioria segue para os litorais capixaba, fluminense e baiano, além das cidades históricas. O movimento é menor que o registrado no Natal, pois muitos motoristas viajaram nas últimas semanas, mas não tranqüiliza os policiais. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o recesso de ano-novo é tradicionalmente violento, já que o consumo de bebidas aumenta. Além disso, as estatísticas do feriado de 25 de dezembro foram preocupantes: 10 mortos e 158 feridos em 242 acidentes.

Na mais grave ocorrência desta sexta, quatro pessoas morreram quando a carreta Mercedes-Benz de placa MCX 0104, de Xaxim (SC), bateu de frente no Celta HDM 0424, de BH, que trafegava com cinco pessoas. A batida ocorreu por volta das 9h30, no km 545 da BR-135, em Augusto de Lima, região Central do estado. O motorista do carro, Dinne Simões, de 41 anos, uma passageira não-identificada e Iasmin Siqueira Lopes, de 18, morreram na hora. Luciana de Oliveira Gonçalves, de 19, foi levada para o Hospital de Curvelo, mas não resistiu aos ferimentos. Júlia Cecília Gonçalves, que aparenta 3 anos, foi internada na mesma unidade, com ferimentos graves. O condutor do caminhão, Leandro José Alves Pereira, de 24, nada sofreu.

Mais duas pessoas morreram, no início da tarde, em batida entre uma moto e dois carros de passeio na BR-381, em Sabará, região metropolitana. A Yamaha YBR 125, placa GZY 6828, seguia com dois homens, no sentido Vitória, quando o piloto perdeu o controle, durante uma tentativa de ultrapassagem, atingiu a contramão, bateu de frente no Uno AJZ 8197 e, em seguida, no Palio GSF 5119. Helvécio Goulart Oliveira, de 23, e um outro ocupante da moto, não identificado, não resistiram aos ferimentos. Os condutores do Uno, Carlos Alberto Rodrigues da Costa, de 52, e do Palio, Alberto Pereira Pessoa, de 49, escaparam ilesos.

Além de intensificar as rondas em pontos com maior índice de acidentes, a PRF colocou os 26 radares móveis – cinco fotográficos e 21 portáteis – em operação. Por determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que publicou nova resolução, os equipamentos começam, agora, a ser sinalizados – placas móveis, com a inscrição “fiscalização eletrônica”.

O fluxo nas estradas, ontem, já era intenso. Para evitar congestionamentos, quem pôde se adiantar pegou estrada logo cedo. Na BR-381, não foi possível evitar o arranca-e-pára. Houve engarrafamento de pelo menos nove quilômetros na saída para Vitória, altura de Santa Luzia, onde, além do acidente com a moto, o canteiro de obras de uma trincheira estrangula as pistas. O tráfego também aumentou nas BRs 040 (saídas para Brasília e Rio) e 262, sentido Triângulo Mineiro.

A enfermeira Vera Lúcia Andrade, de 54 anos, saiu às 9h de casa, em Passos, no Noroeste do estado, rumo a Vila Velha (ES), para passar a virada do ano com o irmão. “Preferi evitar o trânsito, pois a tendência é de os congestionamentos piorarem amanhã (hoje)”, disse ela, na passagem pela 381, em BH, prestes a enfrentar mais 8 horas de volante.

MOVIMENTO

A rodoviária da capital também vive um dos fins de semana mais movimentados do ano. A administração estima que, entre a manhã de ontem e a noite de hoje, cerca de 71 mil pessoas, quase cinco vezes mais que o normal, embarquem para passar o réveillon fora de casa. As empresas estão com 2.383 ônibus em operação, sendo 903 extras. Mesmo assim, as passagens para cidades como Guarapari (ES), Cabo Frio (RJ) e Conceição da Barra (ES) estão no fim.

Do lado de fora, apesar da operação especial montada pela BHTrans, os carros se apertavam no congestionamento e esperavam até 30 minutos para entrar na rodoviária. Dentro, o que se via era um formigueiro no hall de espera. As filas davam voltas e faltava lugar para sentar. Das 11h às 15h, a estudande Júlia Loyola, de 20 anos, fez plantão em frente a um dos guichês para conseguir passagens para Porto Seguro (BA). “Viajaria de carro, mas ele bateu. Agora, o jeito é de ônibus, porque as passagens de avião estão esgotadas. Só consegui embarque para amanhã (hoje), mas quero ir antes, porque já estou pagando as diárias da pousada. Quanto mais o tempo passa, mais perco dinheiro”, explicou.