Os acidentes com vítimas fatais têm custos maiores para o país do que os acidentes com feridos e com pessoas que saem ilesas. Uma pesquisa divulgada hoje (3) indica que os acidentes com morte
custam R$ 271.600 no período de um ano, ao passo que os acidentes com feridos custam R$ 34.120 e os acidentes em que os passageiros saem ilesos custam R$ 4.697.

Os dados constam do projeto Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras, divulgado em Brasília pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

“Eles são os mais caros, porque, quando você entra com mortes, o morto representa em média R$ 272 mil. Isso inclui os custos de remoção e translado, o custo de afastamento da pessoa do
trabalho, e vários outros componentes que fazem com que o custo com mortos seja muito mais alto do que o custo com feridos ou ilesos”, explica a economista e coordenadora-geral do estudo, Iêda Lima.

O estudo estima que o custo total dos acidentes nas rodovias brasileiras seja de R$ 24,6 bilhões anuais. “Esse número de R$ 24,6 bilhões de custo dos acidentes de trânsito nas rodovias é um
número gigantesco. As vidas, nós já sabíamos, a perda, a dor dos familiares nós já sabíamos.

Esse número aqui justifica toda e qualquer ação do governo na área da educação, na área de investimentos, na fiscalização, porque a sociedade está pagando a conta”, afirma o diretor do Denatran, Alfredo Peres da Silva.

Os dados foram organizados de acordo com classes de rodovias, regiões, tipo de veículo e gravidade no acidente. Entre as regiões, a de maior custo por acidente é a Norte, mais de R$ 85 mil cada um. Em seguida, vêm as regiões Nordeste, com mais de R$ 80 mil por acidente;
Centro-Oeste, com mais de R$ 75 mil; Sudeste, com mais de R$ 70 mil; e Sul, com cerca de R$ 65 mil por acidente.

Em relação à categoria dos veículos, chegou-se à conclusão de que o maior custo médio por acidente é o dos caminhões, R$ 21.177 por acidente. Em seguida, vêm os acidentes com ônibus (R$ 23.141); utilitários (R$ 9.005); automóveis (R$ 5.671); motos (R$ 1.829) e bicicletas (R$ 95).

A pesquisa do Ipea também verificou que os custos com os cuidados em saúde são os maiores, cerca de R$ 3 bilhões por ano. Em seguida, vêm os custos com a perda de produção, cerca de R$ 2,8 bilhões, e por último os custos originados com danos aos veículos, que são de aproximadamente R$ 2 bilhões.

O estudo do Ipea avaliou ainda outros impactos, como danos ao meio ambiente, provocados pelo derramamento de produtos químicos, e os impactos psicológicos dos acidentes.

Dados do Ipea mostram que o número de acidentes caiu 2,4% de 2004 (112.457) para 2005 (109.745).

Também caiu em 3,3% o número de feridos no mesmo período (de 87.722 em 2004 para 84.813 em 2005). O número de mortos, porém, aumentou 2,3% (passou de 10.192, em 2004, para 10.422, em 2005).