Santa Catarina registrou o fim de semana mais violento do ano no trânsito, com pelo menos 18 mortes em dois dias. Em todo o Estado, os acidentes já mataram 521 pessoas este ano nas estradas e rodovias.
O recorde do último fim de semana foi uma surpresa, já que o total de vítimas fatais vinha caindo este ano, na comparação com 2009.
Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPMRv) apontam que o número de mortes caiu no primeiro semestre de 2010 em relação ao ano passado — 485 contra 469 (soma dos acidentes nas rodovias federais e estaduais). Mas o número total de acidentes e feridos aumentou.
— Podemos dizer que 90% dos acidentes são causados por imprudência. Cada vez mais as pessoas estão com pressa, aumentam a velocidade de seus veículos e muitos estão embriagados ao volante — explicou o superintendente da PRF em Santa Catarina, Luiz Ademar Paes.
O chefe de operações do BPMRv, Marcelo Pontes, concorda com a avaliação. De acordo com o major, a maior parte de acidentes nas rodovias estaduais em 2009 foi em batidas laterais (33%), geradas, quase sempre, por ultrapassagens forçadas. Para Pontes, só a médio e longo prazo a história vai mudar.
— Hoje temos o Programa Cidadão no Trânsito, com educação para as crianças. As próximas gerações podem mudar o cenário — avaliou.
Roberto A. Bentes de Sá, Presidente do Movimento Nacional de Educação no Trânsito (Monatran), também acha que não há uma solução a curto prazo.
— É a velha história de sempre. E infelizmente não vemos solução no horizonte nesta loucura e carnificina que vivemos no trânsito. É uma poderosa bomba que estamos sentados em cima — disse.
Para o especialista, não há apenas uma explicação para o alto número de mortes. Passa pelo mal preparo dos motoristas, impunidade e falta de fiscalização.
— Enquanto não for tomada uma decisão política que priorize o trânsito, será difícil mudar a realidade. Nem o dinheiro das multas são usadas para campanhas de conscientização.
Mais velocidade para reduzir acidentes
Os motoristas que trafegam pela BR-101 Norte devem observar novidades nos próximos meses. A maior delas é em relação à velocidade máxima. A concessionária Autopista Litoral Sul está finalizando o estudo para passar dos 100 km/h atuais para 110 km/h.
Para entrar em vigor, o projeto tem que ser aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Depois as placas de sinalização são substituídas.
Segundo o superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Luiz Ademar Paes, a previsão é de que o novo limite passe a valer em dezembro, no início da Operação Verão. Se confirmado, o trecho contemplado será o duplicado, que fica entre Palhoça e Garuva, na divisa com o Paraná.
— Fizemos um estudo que comprovou a viabilidade dessa mudança. Temos exemplos de rodovias duplicadas onde a velocidade aumentou e o número de mortes diminuiu. A causa de tantos acidentes é a imprudência. O pessoal abusa e não respeita as sinalizações. Com um limite de 110 km/h, não tem porque infringir a lei. Isso vai facilitar para os nossos turistas que vêm de outros estados brasileiros e estão acostumados com rodovias com essa velocidade — destaca.
O superintendente cita como exemplo a Via Expressa, na Capital, onde foi registrada uma morte neste final de semana. Ele informa que o número de acidentes caiu em torno de 10% desde que a velocidade máxima passou de 80km/h para 100 km/h.
De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, em 2005, antes da alteração, foram 663 acidentes na rodovia, com nove mortes. No ano seguinte, já com o limite de 100 Km/h, ocorreram 650 acidentes, com oito mortos.
No Sul, mudança só depois da duplicação finalizada
A medida será válida apenas para veículos leves e dará maior vazão ao fluxo de automóveis. Para coibir os infratores, até o final do ano serão instalados radares e câmeras de monitoramento nos pontos mais críticos da BR-101. No trecho Norte também estão sendo implantadas sete passarelas para pedestres.
Em 2010, ainda serão construídas as vias marginais, em Itajaí e Camboriú, e feita a ampliação de acesso nas regiões de Garuva e Joinville. De acordo com a assessoria de comunicação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o aumento na velocidade de 80 km/h para 100 km/h no trecho Sul será analisado depois que as obras de duplicação estiverem finalizadas. O prazo de conclusão total é para 2013.