Uma preocupante estatística foi divulgada esta semana pela Polícia Rodoviária Federal da Paraíba (PRF/PB). Segundo os resultados do Levantamento de Atividades Operacionais referentes ao primeiro semestre deste ano, houve um aumento de 35% no número de mortes causadas por acidente de trânsito nas rodovias federais que cortam o estado. Os registros foram comparados com os dados obtidos em igual período do ano passado.
De acordo com a PRF, ocorreram neste primeiro semestre de 2007, 1.288 acidentes, sendo 546 com vítimas. Ao todo, 793 pessoas saíram feridas entre lesões leves e graves e 81 perderam suas vidas. O número de mortos não inclui os que chegaram a óbito já em atendimento nos hospitais, mas dá uma mostra do crescimento da violência, já que no mesmo período de 2006 foram 1.185 acidentes com 694 feridos e 60 mortes. Em todo o país, já são 58 mil acidentes com mais de 3.200 pessoas mortas e 35.300 feridas.
Na Paraíba, dos 546 acidentes com vítimas ocorridos neste ano, 57% aconteceram durante o dia, entre as 6h da manhã e às 18h, e 43% dos motoristas vitimados estavam na faixa etária dos 18 a 35 anos. Além disso, o levantamento aponta que sexo masculino é responsável por 95% dos acidentes. Também foi verificado que 30% dessas ocorrências envolveram motocicletas, sendo que a grande maioria dos condutores e passageiros acabou vitimada com lesões que variaram de leves, graves e até fatais.
A Polícia Rodoviária Federal diagnosticou ainda os quatro tipos de acidentes com vítimas que mais se destacaram na Paraíba. Nesse sentido, as saídas de pista foram campeãs com 22% das ocorrências, seguidas por colisões traseiras (16%), atropelamentos de pedestre (15%) com 21 pessoas mortas, e colisão frontal (8%) com 58 feridos e 18 mortos. O menor índice foi o atropelamento de animal com 3%.
Acidentes geram despesas altíssimas
Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelou que, além dos danos provocados pela perda de vidas, os acidentes em estradas brasileiras têm um custo altíssimo. No biênio 2004/2005, o governo brasileiro gastou mais de R$ 20 bilhões com os desastres de trânsito. Do montante, R$ 8 bilhões foram exclusivamente gastos em rodovias federais.
A pesquisa também mostra que o número representa cerca de 1,2 % do Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro, e esses valores não contabilizam a perda emocional, as chamadas “seqüelas invisíveis”. As vítimas fatais interromperam de forma inesperada seus projetos de vida, enquanto outros deixaram seus lares e parentes que podem, por isso, desenvolver o trauma da violência no trânsito.
Do mesmo modo, o sofrimento causado por mortes ou ferimentos, inclusive com seqüelas físicas e mentais (na maior parte irreparáveis) é seguido pelos prejuízos financeiros, por meio de despesas hospitalares, perda de renda e afastamento do trabalho. Além dos constrangimentos legais, causados por instauração de inquéritos policiais e processos judiciais, com pagamento de indenizações e, até mesmo, a prisão dos responsáveis.
No levantamento divulgado pela PRF, a cada ano a frota veicular vem aumentando na Paraíba, o que aumenta gradativamente os riscos de acidentes. O órgão alega que em apenas uma concessionária da cidade de João Pessoa, são vendidos cerca de 250 veículos novos, e esses números praticamente dobram quando se aproxima o final de ano.
Mesmo assim, a PRF acredita que a quantidade de veículos não justifica o grande número de acidentes. “A não ser pela falta de educação e prudência de alguns motoristas”, acrescenta o informativo assinado pelo chefe do Núcleo de Comunicação Social, inspetor José Genésio Pereira Vieira. O inspetor lembrou também que a frota paraibana chega atualmente a quase 370 mil veículos em circulação, dos quais praticamente 90% são de veículos novos ou em bom estado de conservação, “alguns com tecnologia avançada contribuindo para uma melhor segurança”.
Segundo Genésio Pereira, as fortes exigências para se conseguir uma carteira de habilitação evitam que os números sejam ainda maiores. “Hoje, para se obter uma carteira de habilitação, existe uma série de exigências, cuja rigorosidade, evidencia uma preocupação em preservar as vidas de quem faz uso não só nas estradas federais como em qualquer outra via de trânsito”, continuou.
A qualidade das estradas também foi apontada pela PRF como um fator redutor das tragédias no trânsito paraibano. O estado possui uma malha rodoviária federal de 1.200 quilômetros que, mesmo com alguns trechos em obras, é considerada a mais bem conservada e sinalizada do país.