Três meses depois do início da Lei Seca, as estradas do Alto Tietê registraram 35 acidentes a menos do que no mesmo período de 2007 – a comparação é feita entre 20 de junho a 19 de setembro. No ano todo, a redução foi de 41 ocorrências, o que aponta que a maior baixa nas estatísticas ocorreu exatamente após a vigência da legislação que visa combater a presença de motoristas alcoolizados no trânsito. O curioso, porém, é que apesar da diminuição dos acidentes, o número de vítimas aumentou 3,3% e revelou um fator que tem sido o maior problema constatado nas estradas da Região: a falta do uso do cinto de segurança.
O acessório é obrigatório para motoristas e passageiros, mas quase sempre não é usado por quem senta no banco de trás e pelos passageiros dos ônibus, como ressaltou o comandante do 5o Pelotão da Polícia Rodoviária no Alto Tietê, Marcos Douglas Guillon Pinto. Como conseqüência, um acidente que poderia ser sem vítima ou, então, com pessoas feridas levemente, acaba resultando num número maior de vítimas e em condições mais graves, inclusive com fatalidade.
Os dados do 5o Pelotão da Polícia Rodoviária mostram que das 573 vítimas registradas em acidentes ocorridos entre 1 de janeiro a 23 de setembro de 2007, o número subiu para 592 no mesmo período deste ano. E a diferença se deu justamente nas vítimas graves e fatais, cujas estatísticas apontam um aumento dos casos. De 85 vítimas graves contabilizadas em 2007, o número saltou para 121 agora em 2008. Já os mortos, que somaram 31 no ano passado, até o último dia 23 eram 33. A única redução foi justamente nas vítimas leves, que de 457 caiu para 438 (19 a menos).
Na análise exclusiva dos 114 acidentes com vítimas registradas nos três meses de vigência da Lei Seca, houve também redução nas vítimas leves (138 contra 161 de 2007) e uma pessoa a menos morreu nas estradas (foram 15 em 2007 e 14 neste ano). As estatísticas de vítimas graves, porém, aumentaram: de 29 pularam para 43.
“A falta do uso do cinto de segurança é o principal fator dessas estatísticas de vítimas não abaixarem, ainda que o número de acidentes tenha diminuído”, afirmou o comandante. “Isso só será possível com a conscientização dos motoristas e passageiros”, acrescentou.
Exemplos para isso não faltam. Segundo o tenente, um passageiro de peso médio de 60 a 70 quilos e que está sem cinto de segurança, numa freada repentina do carro que transita na velocidade de 80 km/hora, pode alcançar o peso de uma tonelada no impacto. “É o peso de um elefante”, comparou o comandante.
Estudos do Departamento Nacional de Trânsito do ano passado também mostraram que de cada 10 vítimas de acidentes, sete ocupavam o banco de trás dos veículos. “Na Região, isso também representa mais da metade das vítimas. Além disso, acredito que muitas das lesões de motoristas e passageiros do banco da frente são agravadas mais pelo impacto do passageiro do banco de trás do que da colisão”, alertou.
E se só a conscientização não basta, a Polícia Rodoviária tem procurado “incentivar” o uso do cinto de segurança através de fiscalização e de aplicação de multas. A ausência do equipamento é considerada infração grave e implica numa multa de R$ 127,69, válida também para as áreas urbanas. Na última semana, em razão da Semana Nacional de Trânsito, a Polícia buscou enfocar o caráter educativo . Em via de regra, porém, a ausência do equipamento resulta em multas.
“E não tem desculpa para não usar, como a de que se cair no rio não conseguirá se soltar. Aí preciso ver as estatísticas. A probabilidade de você cair com o carro no rio e morrer afogado é infinitamente menor do que a de você morrer na estrada”, ressaltou Guillon, ao lembrar que o cinto de segurança precisa ser inspecionado uma vez ao ano.