Diante da iminente retomada do asfaltamento da BR- 319, Amigos da Terra- Amazônia Brasileira sugeriu ao governo federal que seja estabelecida uma área no interflúvio rio Purus/ rio Madeira, cortado pela rodovia, como objeto de estudos para conservação da biodiversidade. A proposta foi feita nesta terça-feira (07), no segundo dia do “Seminário Regional de atualização de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade no bioma Amazônia”, que visa complementar o mapa das áreas prioritárias para a criação de unidades de conservação pelo Programa ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia).

A região de cerca de 1milhão de hectares faz parte da Área sob Limitação Administrativa Provisória (ALAP) da rodovia, que possui mais de 15 milhões de hectares. Entrentato, a área em questão ainda não teve nenhuma destinação. O Minintério do Meio Ambiente aceitou realizar o estudo, que também deverá definir que categoria de unidade de conservação poderia ser criada pelo ARPA.

Por se tratar de uma região cercada pelos dois maiores afluentes do rio Amazonas, Madeira e Solimões, é bem provável que existam muitas espécies endêmicas, o que sustentaria ainda mais a necessidade de proteção da biodiversidade. A área fica a 200 km de Manaus e a 300 km do porto graneleiro de Itaquatiara. Teme-se que com a pavimentação da rodovia aconteça a expansão da fronteira agrícola na região. A construção do porto já viabilizou a produção de soja em regiões muito mais distantes nos estados de Rondônia e Mato Grosso, por reduzir os custos do frete da soja em até 38%.

O estudo levará no mínimo um ano para ser concluído. Enquanto isso, obras de infra-estrutura na Amazônia contam com o empenho maciço do Governo Federal. De acordo com matéria publicada hoje no jornal O Estado de São Paulo, o presidente Lula prentende ter uma conversa nesta semana com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e com o presidente do Ibama, Marcus Barros, para cobrar soluções rápidas aos chamados entraves da legislação ambiental. A BR-319 também foi uma das principais bandeiras na campanha do governador reeleito do Amazonas, Eduardo Braga. O Ministério do Meio Ambiente, por meio de seu secretário de Biodiversidade e Florestas João Paulo Capobianco, já se posicionou contrário à reconstrução da rodovia.

O coordenador do ARPA, Ronaldo Weigand, afirma que o governo está atento aos impactos socioambientais de grandes obras de infra-estrutura e está e pretende criar mais mozaicos de unidades de conservação nas margens de rodovias, a exemplo do que foi feito com a BR-163.