Irmãos Pedro e Lucas Drummond foram enterrados terça-feira no Cemitério do Bonfim, na Região Noroeste de BH

O enterro dos cinco jovens envolvidos em um acidente na tarde de domingo, na BR-262, perto de Iúna, no Espírito Santo, foi marcado terça-feira por comoção, tristeza e solidariedade. Amigos, colegas e familiares se reuniram na última homenagem a Ramon Mendonça Vaz de Melo, de 19 anos, Sandro França Ferreira, de 26, Igor de Castro Alves, de 20, e dos irmãos Pedro e Lucas Drummond Vieira de Souza, de 19 e 20, enterrados terça-feira em três cemitérios da capital. Por causa da força do impacto da batida, os corpos ficaram desfigurados e os velórios foram feitos com os caixões lacrados. “A família tem convicção de uma coisa: naquele carro não thavia ninguém triste”, diz, emocionado, Felipe Drummond, de 25, mais velho de quatro irmãos, entre eles de Pedro e Lucas, sepultados no Cemitério do Bonfim, na Região Noroeste de BH. Lá também foi enterrado Ramon. Sandro foi sepultado no Parque da Colina e Igor, no Bosque da Esperança.

As férias de seis amigos começaram no dia 10, quando Guilherme Pimenta Dayrell da Cunha, de 20, e Ramon saíram da rodoviária de Belo Horizonte em direção ao litoral do Espírito Santo, para passar uma semana na casa de praia de uma tia de Ramon, em Iriri. O jovem havia sido aprovado em três vestibulares e queria comemorar o sucesso. Inseparáveis, os outros quatro amigos conseguiram folga no trabalho na quinta-feira da semana passada e resolveram encontrar o grupo na praia. De carro, os jovens seguiram para passar o fim de semana.

Por volta das 16h de domingo, João Carlos Mendonça, de 53, tio de Ramon, recebeu um telefonema em Arraial d’Ajuda, na Bahia, onde mora. “Assustada, a mãe dele me contou que havia ocorrido um acidente com vítimas e ele poderia ser uma delas”, contou. Rapidamente, o tio foi para o Instituto Médico Legal de Cachoeiro do Itapemirim (ES) fazer o reconhecimento dos corpos. “Foi um susto. Era um jovem bem-sucedido. Ele estava no auge da vida. Além de ter passado no vestibular, estava tirando carteira de habilitação”, afirmou. A viagem ao litoral capixaba já era tradição para Ramon. Todos os anos, ele e o pai iam para lá. Mas, desta vez, assuntos profissionais impediram o pai de acompanhá-lo.

A Delegacia de Acidentes de Veículos de Iúna (ES) vai abrir inquérito para apurar as causas do acidente envolvendo os cinco jovens. Devem ser investigadas as condições da rodovia e do automóvel. O Seat Toledo placa MSC 2264, de Serra (ES), era dirigido por Sandro França Ferreira, de 26. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro invadiu a contramão numa reta e se chocou de frente com um ônibus. Os passageiros do coletivo foram socorridos ao hospital de Ibatiba sem ferimentos graves. No momento do acidente, chovia forte na região e, por causa do excesso de água na pista, o carro perdeu aderência com o piso e deslizou pela pista.

Viagem de ônibus salva companheiro

A tragédia tirou a vida de cinco jovens, considerados filhos para o administrador de empresas Antônio Flávio, de 60 anos. Mas, apesar do drama, um milagre impediu que o verdadeiro filho dele, Guilherme Pimenta Dayrell da Cunha, de 20, entrasse no carro e seguisse viagem com os amigos. “Ele me ligou na manhã de domingo dizendo que os demais iriam antecipar a volta e queria fazer o mesmo. Então o proibi de voltar de carro e providenciei a passagem de ônibus em Guarapari, pois não há linha direta de Iriri para BH”, conta o pai.

Pouco depois do acidente, Antônio tentou impedir que o filho fosse informado no meio da viagem. Ao chegar a BH, na manhã de segunda-feira, Guilherme ficou em estado de choque ao saber da notícia. “Para evitar que amigos ligassem para ele no ônibus, tratei de gastar todos os créditos do celular dele durante a viagem”, conta.

A relação de amizade entre os seis jovens se estendia a irmãos, pais e outros colegas. Moradores de bairros tradicionais da Região Centro-Sul da capital, uns frequentavam as casas dos outros e nos fins de semana se encontravam para se divertir. “Todos os anos, eles viajavam para a praia e a grande curtição eram os churrascos da turma”, conta, inconformada, Iara Fonseca de Souza, de 50, tia dos irmãos Pedro e Lucas.