No posto da receita na BR-040, em Sete Lagoas, pelo menos 25 veículos foram autuados em seis horasDois dias depois de receber de volta a tarefa de fiscalizar o excesso de carga nas estradas, graças a uma decisão da Justiça Federal de Uberlândia, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apertou o cerco aos caminhoneiros infratores. A corporação começou ontem operação para pesar caminhões em todo o estado. No primeiro dia de mobilização, os policiais aplicaram multas em motoristas que passavam pelo posto da Receita Estadual na BR-040, em Sete Lagoas, região Central do estado. Pelo menos 25 veículos, um terço do total abordado, foram autuados em seis horas. A fiscalização já vinha sendo feita desde terça-feira, com a verificação de notas fiscais e a pesagem em balanças. No entanto, os patrulheiros decidiram dar ênfase ao trabalho. A cada dia, o pessoal será reforçado num dos 14 postos da receita nas rodovias.

A estrutura estava subutilizada desde novembro, quando portaria dos ministérios dos Transportes e da Justiça proibiu policiais de atuarem contra o excesso de peso, dando exclusividade aos fiscais do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), que mantém apenas seis aparelhos no estado. A ordem foi derrubada pela juíza Lana Lígia Galati, que considerou a estrutura do departamento insuficiente. O chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da PRF, inspetor Waltair Vasconcelos, afirma que a decisão soma esforços no combate às infrações e contribui para a manutenção das estradas, já que o excesso de carga é um dos principais responsáveis pela destruição do asfalto. “Estamos cumprindo a ordem judicial, mas todos ganham com isso.

Os caminhoneiros se aproveitavam da para desrespeitar os limites”, comentou. Para evitar multa, excesso de peso foi transferido para outro veículoA operação se estendeu das 8h30 até o fim da tarde. Pouco a pouco, os caminhoneiros eram parados e faziam fila na balança. Quem era flagrado recebia autuação de R$ 85, acrescida de R$ 21,28 a cada 200 quilos acima da capacidade. Os caminhões ficavam retidos até que o motorista fizesse o transbordo da carga. Os policiais constataram excesso de quase 10 toneladas, em veículo dirigido por Paschoal Montes, de 29 anos, com capacidade para apenas 15. “Estava apenas cumprindo ordens. Carrego o que o patrão manda”, justificou ele, multado em R$ 1.117 Pegos de surpresa, cerca de 20 caminhoneiros, avisados por telefone, abandonaram seus veículos a 500 metros do posto. Antes de prosseguir, alguns chegaram a despejar parte da carga na beira da estrada. Rodrigo Andrade, de 28, acompanhou toda a movimentação à distância. “Só saio daqui quando tudo isso acabar”, avisava. O presidente do Sindicato da União Brasileira dos Caminhoneiros e Afins, José Natan, foi chamado para acalmar os ânimos. “A lei brasileira é injusta, porque, em geral, o profissional é quem paga a infração.

Em geral, o motorista é pressionado a levar excesso, porque o frete não compensa”, reclamou. O chefe do posto fiscal, Getúlio Caldeira, disse que, nos últimos meses, a fiscalização parou porque o Dnit não tinha fiscais suficientes. Em 2005, a PRF aplicou, em Minas, 4.425 multas por excesso de carga. A estimativa é de que pelo menos 3 mil deixaram de ser emitidas. Enquanto a PRF tem mais de 700 homens no estado, o Dnit conta com 54 fiscais. O departamento informou que vai recorrer da decisão. O órgão adiantou que, até agosto, mais agentes, aprovados em concurso, serão nomeados.