Cavalo foi atropelado por Gol de comerciante, na MG-050, perto de Itaúna
Além de conviver com a imprudência de outros motoristas e com a má conservação do asfalto, a presença de animais na pista tem sido mais um risco à segurança dos viajantes. Nos últimos dois meses, pelo menos cinco acidentes envolvendo animais foram registrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em um deles, no início do mês, Fabrício Costa Reis, de 31 anos, morreu ao atropelar três cavalos na MG-424, em Pedro Leopoldo. Os moradores fizeram um protesto, no local, pedindo a implantação de medidas de segurança para evitar novas tragédias.
Para evitar que mais pessoas sejam vítimas, a Polícia Militar Rodoviária Estadual (PMRE) faz um levantamento de todos os casos registrados nas MGs 010, 424 e na LMG-800, desde 2006, para pedir providências ao Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG). “Queremos marcar uma reunião com o diretor do DER para tentar resolver esse tipo de problema, tendo em vista que nossa ação fiscalizadora é limitada. Dependemos do apoio do DER com caminhões para o recolhimento desse animais, laçadores treinados e também de um curral para abrigar os bichos”, informou o chefe da sessão de Operações da Companhia de Polícia Militar Rodoviária, tenente Ricardo Martins de Almeida.
Por enquanto, segundo ele, o que a PMRE tem feito é tentar identificar o dono do animal e encaminhar o boletim de ocorrência para a Polícia Civil, para instauração de inquérito. O delegado titular de Pedro Leopoldo, Vladimir Alessandro Soares, conta que têm sido freqüentes os acidentes de trânsito envolvendo animais na pista. “O dono do animal pode ser responsabilizado por omissão de cautela na guarda ou condução de animais, conforme o artigo 31 da Lei de Contravenções Penais. A pena é de multa, fora a parte cível. Há danos materiais e também os danos físicos causados às pessoas”, alerta o delegado.
O comerciante Tunai Faria, de 25, foi vítima de um grave acidente no km 85 da MG-050, em Itaúna, na Região Centro-oeste de Minas. Seu Gol teve a frente e o teto amassados ao atropelar um cavalo. O animal foi arremessado para cima do carro e, mesmo ferido, invadiu a pista contrária e morreu atropelado por um ônibus de turismo. Não houve feridos, mas o prejuízo do comerciante foi de R$ 5,8 mil. A frente do ônibus também foi danificada.
O assistente de qualidade de frota, Patrício Teixeira Vargas, de 37 anos, conseguiu identificar o dono do boi atropelado por seu carro, em 2002, mas ele não quis arcar com o prejuízo. O acidente foi na MG-431, entre Pará de Minas e Itaúna. Era por volta de 1h da madrugada, chovia e a visibilidade estava prejudicada, segundo o motorista. “Deparei com cinco bois no meio da estrada e não tive como sair fora e atropelei um deles”, conta Patrício, que sofreu escoriações no rosto e nos braços. O Santana Quantum dele ficou com a frente destruída. A polícia rodoviária tentou recolher os outros animais da pista, acrescentou, mas a rampa do caminhão não funcionou e os bois foram mantidos no pátio de uma siderúrgica para evitar outros acidentes.
A Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop) informou que animais e construção de cercas são de responsabilidade de seus proprietários, e que, em caso de acidentes, podem ser acionados para pagar possíveis prejuízos aos veículos. No caso da MG-424 e MG-010, a Setop informou que há previsão de licitação para contratar empresa de atendimento aos usuários da rodovia, o que irá evitar também o trânsito de animais na pista. A secretaria está elaborando um programa de segurança viária para todo o estado, prevendo convênios com a PMRE e com prefeituras.
O Programa de Redução de Acidentes no Trânsito (PARE), do Ministério dos Transportes, recomenda que, ao se deparar com animais de grande porte nas pistas, não buzinar e nem sinalizar com os faróis. Isto assusta o animal, que pode ter reações inesperadas. O motorista deve fechar os vidros do carro e passar lentamente em marcha reduzida. Deve, ainda, avisar o posto policial mais próximo.