ALERTA: De acordo com Alexandre Fagundes, no caso dos motoristas, a lei prevê horas de descanso, interstício, entre outros pontos. Com isso, eles não podem trafegar por incansáveis horas, o que era muito comum, e um faotr preponderante para ocorrência de acidentes. Foto: Aderlei de Souza/Ilustrativa

Por Alexandre Fagundes*

Prestes a completar seis anos, em março, a Lei 13.103/2015, mais conhecida como a Lei dos Caminhoneiros, trouxe inúmeras mudanças para o mercado de transporte de cargas e logística no Brasil.

Depois de um período de adaptação, já que empresas e motoristas precisaram se adequar à nova realidade, hoje ela é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos profissionais. Além disso, transportadoras e embarcadores puderam evoluir, não só tecnologicamente, mas também na gestão de pessoas.

Mas como isso acontece?

No caso dos motoristas, a lei prevê horas de descanso, interstício, entre outros pontos. Dessa forma, eles não podem trafegar por incansáveis horas, o que era muito comum e certamente um fator preponderante para o aumento de acidentes. Afinal, 90% dos acidentes são ocasionados por falha humana.

Com a lei, os caminhoneiros passaram a ter maior controle sobre as horas trabalhadas e, dessa maneira, a relação com a transportadora fica muito mais transparente. Isso sem falar em treinamentos e melhoria no comportamento de direção.

Transportadores

Já para os transportadores, a lei revolucionou o dia a dia das áreas de operação, gestão de frotas, tecnologia, recursos humanos, entre outras. Eles precisaram se adaptar e deixar de usar as antigas papeletas.

Esse formato totalmente ultrapassado era um problema. As pessoas perdiam as fichas, horas trabalhadas não eram anotadas corretamente, horas extras eram feitas sem critério, o que causava um ambiente caótico para ambos os lados.

Com a lei, as empresas passaram a usar a telemetria veicular embarcada nos veículos para fazer todo o acompanhamento da jornada de trabalho do motorista. Com tecnologia, ficou muito mais fácil estar em conformidade com a legislação e ter tudo integrado entre a gestão da frota e o sistema do RH. Isso facilitou o monitoramento não só do tempo de direção e do cálculo da folha de pagamento, horas extras, adicionais noturnos, mas também de eventos críticos no percurso.

Redução de passivo trabalhista

Com certeza, essa tecnologia embarcada trouxe mais segurança à operação, assim como redução de custos com passivo trabalhista. Um exemplo é a Della Volpe Transportes, que tinha cerca de R﹩ 6 milhões de passivo trabalhista por ano. Isso porque o controle era feito com base no diário de bordo e depois confrontado com o tacógrafo, o que não trazia a realidade correta. Dessa forma, a transportadora perdia diversas ações trabalhistas na justiça.

A partir do momento em que a empresa passou a usar a telemetria na gestão de sua frota, de 180 mil horas extras por mês, em média, hoje são 60 mil. A Della Volpe tem o controle de tudo o que acontece nas estradas, como passagens por pedágios, quando deve ser feita a manutenção do caminhão e troca dos pneus, entre outros pontos, e assim manter frota dentro de altos padrões de qualidade e ainda reduzir o consumo de combustível em 20%.

Mas como a jornada de trabalho reduz custos com combustível? Com a telemetria, o gestor da frota consegue acompanhar o comportamento do motorista no trânsito e, caso ele esteja dirigindo de forma perigosa ou errada, ele passa por treinamentos periódicos.

Ao ser treinado, o profissional dirige melhor, com mais segurança e, consequentemente, reduz o desgaste das peças e de combustível. A empresa ainda pode criar ranking de motoristas e premiar os que têm melhor desempenho, com base em parâmetros definidos previamente.

Com tanta evolução e mudanças positivas, podemos considerar a lei dos caminhoneiros como um importante marco na história do transporte e logística do Brasil.

(*) Alexandre Fagundes é gerente de Produtos e Marketing da MiX Telematics Brasil.

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