Na reta final para conclusão de rodovia

Pelo menos 300 pessoas dos vales do Acre, Iaco e Purus compareceram nesta terça-feira à escola Dom Júlio Matiolli, em Sena Madureira, para participar da audiência pública sobre o asfaltamento do subtrecho Sena-Feijó da BR-364. Última etapa de um longo processo, a audiência é um instrumento de caráter consultivo. O evento foi organizado pelo governo do Estado, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem (Deracre) e da Secretaria de Relações Institucionais, para ampliar o debate sobre os impactos positivos e negativos da obra em todos os aspectos. Os participantes puderam tomar conhecimento do projeto e tirar dúvidas sobre a rodovia.

“O debate superou nossas expectativas e foi muito proveitoso porque pudemos apresentar o projeto, tirar dúvidas e anotar sugestões”, explicou Marcos Alexandre, diretor-presidente do Deracre.

Naquele trecho serão realizados serviços de terraplanagem, pavimentação, obras de arte correntes, especiais e complementares. O empreendimento está inserido no Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre e atende três áreas estratégicas: desenvolvimento humano e inclusão social; desenvolvimento econômico e sustentável; e infra-estrutura de integração.

São fontes de financiamento da obra o governo do Estado e Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes (Dnit). A obra está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado no começo do ano pelo governo federal. O PAC reúne um conjunto de ações prioritárias ao desenvolvimento econômico e social do país. A audiência pública é uma exigência da lei que trata das licitações públicas para que seja dada transparência em todo o processo. A partir da audiência, os editais de concorrência pública já podem ser lançados para contratação das empresas.

Estiveram presentes os prefeitos Nilson Areal e Manoel Almeida, de Sena e Manoel Urbano respectivamente, vereadores dos dois municípios, os deputados Edvaldo Magalhães, Delorgem Campos, Walter Prado, Gilberto Diniz e Mazinho, o frei Heitor Turini e representantes das comunidades evangélicas, vários secretários de Estado, assessores do governador, empresários, estudantes e lideranças comunitárias.

A meta do governo do Estado é que a pavimentação desse trecho seja modelo de obra de infra-estrutura para a Amazônia, com a promoção do desenvolvimento econômico e social da região, sem provocar danos ao meio ambiente e às populações tradicionais.

O processo de licenciamento ambiental da rodovia entre Sena Madureira e Feijó começou em 2002 e culminou com a realização de duas audiências públicas específicas da parte ambiental em setembro de 2005, com o objetivo de mostrar o relatório e estudo ambiental: uma audiência em Sena Madureira, com a participação de mais de 150 pessoas da região; e outra em Manuel Urbano, com a presença de quase 200 pessoas. No total, a obra consumirá mais de R$ 500 milhões, já assegurados no PAC.

Obra é muito complexa, mas governo prevê conclusão até 2010

O engenheiro Fernando Moutinho apresentou um histórico de antes e depois das rodovias federais no Acre, detendo-se mais no trecho que era objeto da audiência – mas explicou com clareza a situação da rodovia entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, trecho que pode ser inaugurado ainda este ano. Com o avanço do tratamento superficial simples, leva-se cada vez menos tempo para percorrer as duas maiores cidades do Juruá. Mas o projeto não tem execução fácil: são consumidos nada menos que 4.080 sacos de cimento por quilômetro. Para facilitar o trabalho e reduzir custos de logística, ao menos uma empreiteira mantém no trecho uma máquina conhecida como recicladora, que trabalha a terra de modo que ela fique com até 20 centímetros de altura mantendo-a com a taxa de umidade estabelecida pelo operador. A máquina mistura cimento ao solo para deixá-lo mais consistente.

Em vários aspectos, a BR reinventa técnicas da construção civil devido à complexidade e à peculiaridade das obras. A parte mais dífícil, que são as pontes e os bueiros, deve ser feita primeiro – assim como ocorre no Vale do Juruá.