Acréscimo nas regiões mais badaladas da capital pode chegar a até 25%, estimam. Taxistas manifestam receio de ter de aturar passageiros que passam do limite.

Poucos dias após as novas regras contra a embriaguez ao volante entrarem em vigor, os taxistas de São Paulo já percebem aumento do movimento, principalmente à noite. A preocupação agora é a de terem de tomar conta dos passageiros alcoolizados, segundo relatos ouvido pelo G1, que foi às ruas na noite de segunda-feira (30) ver como a nova lei mudou a rotina desses profissionais.

A “lei seca”, que começou a valer no último dia 20, proíbe os motoristas de dirigirem depois de ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica. Taxistas de pontos próximos de regiões mais baladas e boêmias, como a Vila Madalena e a Vila Olímpia, com agito de segunda à segunda, já falam em um acréscimo de até 25% no movimento.

Mas, se antes os boêmios se preocupavam em não passar dos limites antes de dirigir de volta para casa, agora, com dinheiro no bolso para pegar um táxi, alguns acabam perdendo a noção no consumo de álcool. “Sei lá se (a lei seca) vai ser bom para gente. Vamos ter de ter muita paciência com esse pessoal que bebe muito e acha que pode fazer o que bem entende. Estou mesmo preocupado”, afirma o taxista Marcelo Fiúza, de 42 anos.

Fiúza diz que passou por uma situação desagradável no último final de semana. O ponto onde trabalha fica na Vila Olímpia, uma das regiões mais badaladas da capital. “Peguei um pessoal, e um rapaz estava revoltado por não poder dirigir. No meio do caminho, ele quis fumar dentro do táxi e eu não permiti”, contou.

De acordo com Marcelo, a proibição irritou ainda mais o passageiro, que alegou que estava pagando pela corrida. “Respondi que isso não dava o direito de ele fazer o que quisesse dentro do meu carro”, lembrou. A reação do passageiro foi das mais inesperadas e quase acabou em tragédia.

“Ele abriu a porta com o carro em movimento em plena (rodovia) Castello Branco”, contou o taxista. A experiência gerou preocupação para os próximos dias, mesmo com o aumento do movimento se refletindo positivamente no bolso.

Muita discussão

Dival de Moraes Leme, taxista que também trabalha na região da Vila Olímpia, optou, por sua vez, por folgar no último final de semana, mas espera um acréscimo significativo no movimento de passageiros. “Mesmo sendo mais devagar às segundas, esta região tem movimento todos os dias. É possível que aumente uns 20%, já que o pessoal não pode dirigir depois de beber”, disse.

Para ele, no entanto, a lei não deveria ter sido imposta de uma hora para outra, como aconteceu. “Tudo tem de ter um estudo. Vai haver muita discussão ainda”, afirmou.