Região reivindica, há muito tempo, recuperação definitiva da rodovia que liga a região a BH, mas terá que esperar mais e teme pelo caos no período de chuvas

Montes Claros – Moradores e líderes do Norte de Minas lutam, há vários anos, pela restauração da BR-135, principal ligação da região com Belo Horizonte. Mas a estrada – com 320 quilômetros, construída no início dos anos 1970 entre a BR-040 e Montes Claros – continua em péssimas condições. Terça-feira, deputados estaduais e federais votados no Norte tiveram uma audiência com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, em Brasília, e pediram a agilização da recuperação definitiva da via, obra orçada em R$ 300 milhões. Os representantes da região tentam pôr fim a uma rotina à qual motoristas ainda não se acostumaram: no período de chuva, muitos trechos ficam intransitáveis.

O Estado de Minas percorreu 150 quilômetros da 135, entre Montes Claros e Buenópolis, como fez nas BRs 381, 354 e 393, para mapear os trechos ruins. E, entre os principais problemas, há lombadas na pista e em vários pontos o acostamento desapareceu, aumentando os riscos de acidentes. Devido ao serviço de tapa-buracos, a condição da pista está um pouco melhor do que em épocas anteriores, quando chegou a ficar praticamente intransitável. Mas os moradores ao longo da rodovia nada comemoram porque sabem que, em breve, as crateras voltarão. Em alguns locais, os buracos estão reaparecendo, como ocorre entre o km 438 e o km 441, próximo à entrada para Engenheiro Navarro.

“Agora, como o tempo está seco, dá para viajar. Mas isso não vai durar muito. Para mim, estão jogando dinheiro fora no serviço de tapa-buracos. Quando vier a chuva, a rodovia ficará intransitável novamente”, diz Reginaldo Alves, encarregado de uma fazenda em Riachão, às margens da 135, no município de Joaquim Felício. Na mesma localidade, um posto de gasolina fechado é um exemplo dos prejuízos causados pela má conservação da pista. Em diversos períodos, fugindo dos buracos, motoristas que saíram da capital com destino ao Norte de Minas usaram um desvio, passando por Pirapora (BR-365).

O próprio Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes Terrestres (Dnit) reconhece que o trabalho de manutenção feito na estrada foi apenas paliativo e que o problema só será resolvido em definitivo com a reconstrução de todo o trecho, pois o asfalto, com cerca de 35 anos de uso, não suporta mais o tráfego de caminhões pesados e precisa ser substituído.

O chefe do escritório do Dnit em Sete Lagoas, Tarcísio Kiefer, conta que, em 2004, foi feita uma obra no trecho sob sua responsabilidade, de 142 quilômetros, entre Engenheiro Navarro e o entroncamento com a BR-040. Em alguns pontos, o asfalto foi refeito. Em outros, como ocorre entre o km 442 e o km 448, perto de Engenheiro Dolabella, no município de Bocaiúva, foi aplicada uma camada fina de asfalto e de brita. Só que esse tipo de recapeamento deixa a pista rugosa, que causa maior desgaste dos pneus, apesar de proporcionar mais estabilidade ao veículo.

Kiefer lembra que o serviço foi feito para garantir as condições de tráfego por um período de dois anos, enquanto fosse elaborado o projeto de restauração completa do pavimento. O problema é que os dois anos já se passaram e a reforma não foi iniciada.

Viagem lenta

Enquanto a reforma não vem, os motoristas lamentam a precariedade da BR-135. “A estrada está péssima. Não há mais acostamento e o risco de acidente é muito grande”, reclama o caminhoneiro João Antônio Santos, de 42 anos, que percorre o trecho semanalmente transportando carvão vegetal produzido em Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, para abastecer siderúrgicas em Bom Despacho, na Região Central do estado. Ele diz que, além dos buracos, as lombadas e outras imperfeições da pista o obrigam a andar bem devagar, para não correr o risco de tombar o caminhão, o que atrasa a entrega da mercadoria.

Na audiência com o ministro dos Transportes, em Brasília, a comitiva que representou o Norte de Minas pediu que a licitação da obra na 135 seja realizada imediatamente. Ficou acertado que o Dnit vai seguir um projeto elaborado por iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Montes Claros (ACI), que prevê a restauração do trecho de 320 quilômetros entre a cidade e a BR-040, no município de Curvelo. Mas, para reduzir custos, o projeto será mudado. Dessa forma, serão eliminados os serviços em pontes e a melhoria dos acessos a algumas cidades. Ficou marcada outra reunião no ministério, para 8 de novembro, com a promessa de anúncio da abertura de licitação.