Entre janeiro e março deste ano, 19 sonhos foram interrompidos no trecho da rodovia federal no Vale do Itajaí
Construir a casa própria, conseguir um bom emprego, aproveitar a aposentadoria. Estes foram alguns dos 19 sonhos interrompidos entre janeiro e março deste ano na BR-470. As estatísticas mostram que o número é o menor desde 2004. Nos três primeiros meses de 2007, morreram 12 pessoas a menos que no mesmo período do ano passado, quando foram registradas 31 mortes no trecho da rodovia federal que passa pelo Vale do Itajaí. Em 2005, 23 sonhos foram interrompidos e, em 2004, 37.
Revitalização da via, conscientização do motoristas e campanhas educativas são apontadas por especialistas como possíveis responsáveis pela diminuição das mortes. Na avaliação do engenheiro de transportes Alexandre Gevaerd, as melhorias mínimas realizadas nos últimos dois anos podem ter interferido nos números. Como usuário da via, ele aponta também a maior cautela dos motoristas como responsável pela diminuição do índice de mortes:
– Mesmo assim, precisamos da duplicação, que almejamos há mais de 10 anos. Além disso, é preciso priorizar as melhorias nos cruzamentos mais complicados na rodovia, como o esperado Viaduto da Mafisa – aponta.
O presidente da Associação dos Engenheiros do Médio Vale do Itajaí (Aemvi), Juliano Gonçalves, acredita que as últimas obras realizadas na via pouco interferem no dia-a-dia do condutor, mas diminuem o fluxo e a velocidade dos veículos, o que dá a sensação de redução dos acidentes graves.
– As últimas obras foram insignificantes e paliativas. A única solução para economizar vidas é realizar a duplicação, que é uma obra de emergência – reafirma.
O chefe de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), José Figueroa, salienta a importância das restaurações realizadas pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura (Dnit) nos últimos quatro anos:
– Eles estão fazendo a retirada de trechos onde a capa asfáltica está comprometida. Não temos notícias desse tipo de trabalho desde 2004.
Opinião do Santa – Novo cenário na BR-470
Menos sonhos foram interrompidos este ano na BR-470, em comparação aos últimos três anos. A queda no número de mortes na rodovia federal é um alento a uma população tão machucada pelas notícias trágicas de mortes já registradas ali. E os novos tempos que se desenham sobre a pista também dão novo ânimo a quem passa por lá. Os obras de manutenção garantem melhorias importantes para a segurança na via. Se a duplicação, que é o sonho do Vale, ainda está longe de chegar, trafegar por trechos bem asfaltados e com sinalização reforçada já é uma vitória a ser comemorada. Com a redução da velocidade na 470, atribuída ao andamento das obras, e novas condições de tráfego, tem-se à frente uma estrada que merece mais cuidados e conscientização dos condutores em seu uso.
Obras chegam ao trecho de Blumenau
O Departamento Nacional de Infra-estrutura (Dnit) trabalha no recapeamento do asfalto nos trechos da BR-470 em Blumenau e Rio do Sul. O trabalho de manutenção da pista começou em Navegantes. Para recuperar todo o trecho que passa pelo Vale do Itajaí, serão investidos R$ 17,1 milhões.
As obras incluem recapeamento do asfalto, conservação da faixa de domínio, manutenção da pista e do acostamento, sinalização horizontal e vertical e manutenção do sistema de drenagem. De acordo com dados do Dnit, já estão conclusos os trechos entre o quilômetros dois e nove. A previsão é de que toda a rodovia seja revitalizada até outubro de 2008.
Fiscalização é maior sobre motociclistas – Além das obras para melhoria e conservação na BR-470, o chefe de operações da Polícia Rodoviária Federal, José Figueroa, aponta o aumento da fiscalização como um dos fatores que contêm os acidentes graves.
– Fiscalizamos principalmente os motociclistas, obrigando o uso de capacete com viseira e cobrando a habilitação. Eles são as principais vítimas dos acidentes com morte. Só na semana passada, em Rio do Sul, notificamos 30 motociclistas – enumera Figueroa.
Para o engenheiro Juliano Gonçalves, da Aemvi, não se pode dizer que a imprudência é responsável pelo número de mortes:
– É preciso de técnica de engenharia para corrigir as falhas do ser humano que possam surgir no trânsito.