Antigos, pesados e imprudentes – o perigo que roda pelas estradas brasileiras também corta ruas e avenidas de grandes cidades. Em São Paulo, a frequência de acidentes com caminhões é espantosa. Na última segunda-feira (16), uma batida entre duas carretas deixou uma das principais vias da cidade interditada por mais de oito horas.
Sem fiscalização, esse transtorno não demora a se repetir. Por causa do tamanho, os caminhões acabam interditando boa parte das pistas. O resultado são aqueles longos congestionamentos que atrapalham a vida dos motoristas, como hoje, em que dois caminhões bateram no Rodoanel, em São Paulo. O trânsito está completamente parado no local, e o socorro não consegue chegar.
A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP) diz que consegue chegar ao local rapidamente. O problema é fazer a remoção desses veículos pesados. O trabalho, às vezes, necessita até de guindaste.
Onze minutos é o tempo em média que a CET-SP diz que leva para chegar ao local de um acidente. Para quem não está envolvido na batida, duro mesmo é aguentar a demora para retirar o veículo da pista. “É lamentável. A gente tem de esperar, não tem jeito”, comentou um motorisra.
No acidente de segunda-feira (16) na Marginal Tietê, em que dois caminhões bateram e um tombou, a via só foi liberada depois de oito horas e meia.
“Um caminhão já muitas vezes a gente não consegue remover com nossos recursos. Temos de acionar guinchos e guindastes de empresas que estão previamente cadastradas aqui na CET. Muitas vezes não podemos nem mexer na carga. São produtos tóxicos ou químicos. Dependemos da Cetesb [Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental] ou do Corpo de Bombeiros”, afirma Gilson Grillo, gerente da central de operações da CET-SP.
Em São Paulo existe uma lei que permite à prefeitura cobrar por tudo o que for utilizado para liberar a pista em caso de acidente, desde o guincho à mão-de-obra do município usada na ocorrência. A cobrança é feita também por hora em que a via fica interditada. Só este ano, em 28 acidentes, a prefeitura arrecadou R$ 85 mil. No ano passado, foram R$ 344 mil.
Para evitar o prejuízo, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo (SETCESP), que reúne as transportadoras do estado, diz que a saída é investir na conservação das frotas para reduzir os acidentes.
“Muitas vezes são caminhões com a manutenção defasada e antigos, que nem sempre são das empresas de transporte que estejam ligadas a uma transportadora. Mas há de se reconhecer que, por falta de uma política de renovação de frota, ainda a gente encontra caminhões com 20 ou 30 anos de uso transitando pelas rodovias brasileiras”, apontou Adalto Bentivegna Filho, assessor da presidência do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo (SETCESP).
Os caminhoneiros lembram que outro risco é o excesso de carga. “Ainda tem bastante gente, bastante motorista e bastante empresa que ainda está andando acima do limite”, destaca o motorista Eduardo Poli.
Não é só isso. Quanto maior a velocidade, maior também a dificuldade para controlar o caminhão, principalmente se ele estiver carregado. Muitos acidentes acontecem, porque os motoristas abusam. Aceleram demais mesmo quando passam pela cidade.
Em uma pista da Marginal Tietê, o limite para caminhões é de 70 quilômetros por hora. A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil rodou nessa velocidade e registrou caminhoneiros ultrapassando o carro. “Você vai ver caminhoneiro que abusa, sim, que é outra coisa: o extremo do errado”, diz o motorista Darli Rodrigues.
Alguns números que dão a dimensão desse tipo de transtorno provocado pelos caminhões, Diariamente circulam pela cidade de São Paulo cerca de 190 mil caminhões, sendo 64 mil na Marginal Tietê. O jeito é torcer para não pegar nenhum acidente de caminhão pelo caminho na hora de ir para o trabalho.
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