Cerca de 300 caminhoneiros protestaram contra a cervejaria Quilmes, comprada pelo conglomerado belgo-brasileiro Ambev, nesta terça-feira (10) pela manhã, em frente à embaixada brasileira em Buenos Aires. Eles criticavam a decisão da empresa de suspender contrato contra quatro distribuidoras de bebidas, que poderá resultar no desemprego de 3.500 trabalhadores a partir de julho próximo. Ontem, o mesmo tipo de manifestação ocorreu em frente da Embaixada da Bélgica, na capital argentina.
Depois que foi comprada pela Ambev, a Quilmes estuda um plano de demitir cerca de mil trabalhadores, segundo a Agência Télam. Os manifestantes entregaram um documento com reivindicações e, segundo a Embaixada brasileira, pediram que a diplomacia brasileira entregue a carta à direção da multinacional.
Segundo a embaixada brasileira, não há muito o que fazer, do ponto de vista diplomático, uma vez que se trata de decisão interna de uma empresa multinacional privada, que envolve um conglomerado do Brasil e da Bélgica, a Ambev.
No documento dos manifestantes, entregue à Embaixada do Brasil e distribuído à imprensa argentina, os caminhoneiros de água e gasosa afirmam que “a política trabalhista da Argentina não é a da Bélgica nem a do Brasil, mas sim a da Argentina, e por isso não vamos permitir que retirem as concessionárias de distribuição nem a dispensa dos nossos trabalhadores”.
Os trabalhadores do setor de distribuição de água, refrigerantes e cervejas estão parados desde a zero hora de hoje e, segundo o dirigente Pablo Moyano, citado pela Agência Télam, permanecerão em greve por tempo indeterminado, em protesto contra a suspensão dos contratos com as quatro distribuidoras até uma decisão da Quilmes/Ambev. Segundo Pablo Mopyano disse à Agência Télam, “o problema é que a Quilmes/Ambev pretende reduzir a oito as 24 distribuidoras que tem na capital argentina e na Grande Buenos Aires e reduzir outro tanto das 200 distribuidoras que têm em todo o país”.
Da parte da empresa Quilmes/Ambev, o responsável pelas relações institucionais da empresa, Mariano Botas, disse que não está em discussão a possível demissão de trabalhadores, e acusou o sindicato da categoria de fazer estardalhaço em defesa de um distribuidor que “está em processo de dissolução com a empresa (Quilmes)”, segundo despacho da Agência Télam.
A mesma agência informa que Mariano Botas negou qualquer mudança no sistema de distribuição e assegurou que “a distribuidora deixará de prestar serviços em novembro de 2007, em cumprimento aos prazos legais”. Botas assegurou, segundo ainda a agência, que a Quilmes “se comprometeu, por escrito, a cuidar da continuidade trabalhista do pessoal que trabalha na empresa”.