Novo exame promete mais rigor para quem for tirar ou renovar a carteira de motorista. Para vencer o cansaço, alguns caminhoneiros admitem usar remédio para ficar acordados.

Para vencer o cansaço e atender ao curto prazo, alguns caminhoneiros driblam o sono com remédios e acabam dormindo ao volante. Um novo exame promete mais rigor para quem for tirar ou renovar a carteira de motorista.

Em 15 anos de profissão, um caminhoneiro já perdeu as contas de quantas vezes cochilou ao volante. “Eu nunca sofri acidente, mas que a gente cochila, cochila”, confessa o caminhoneiro.

Apesar dos riscos, alguns motoristas revelam que recorrem a medicamentos para conseguir dirigir sem dormir. “Já percorri mil quilômetros sem dormir. Na base do rebite para vencer o sono. Senão dorme de olho aberto. Aí já sabe o que acontece, né? Se dorme de olho aberto, não acorda mais”, diz o caminhoneiro Márcio Garcia Braga.

Na principal ligação entre o Sudeste e o Sul do país, um acidente entre uma carreta e um caminhão que transportava produtos químicos provocou 15 quilômetros de congestionamento, perto de Curitiba. Foi o resultado da combinação perigosa entre sono e direção.

“A primeira entrevista com o motorista, ele confessou que estava um pouco cansado e foi surpreendido pelo sono”, afirmou Marcelo Cidade, da Policia Rodoviária Federal.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou uma norma para tentar diminuir o número de acidentes provocados por motoristas sonolentos.

Agora, para tirar ou renovar as carteiras de habilitação das categorias C, D e E, os motoristas terão que passar por oito novos testes para avaliar possíveis problemas de sonolência excessiva. Um distúrbio que pode reduzir a capacidade de atenção e de reação dos condutores, principalmente os que passam muito tempo ao volante.

Os exames incluem teste físico e um questionário sobre os hábitos do motorista. Quem não passar nos testes, terá de fazer um exame mais complexo.

“É um exame bastante importante, porque ele detecta todas as fases do sono, inclusive despertar a capacidade do sono que é captada através de eletrodos durante o período noturno”, o médico do Detran, Carlos Araki.

Representantes dos caminhoneiros concordam com as medidas, mas reclamam do valor do exame que em clínicas particulares custa entre R$ 500 e R$ 1.000.

“A rede do Sistema Único de Saúde (SUS) leva em torno de dois anos para marcar uma consulta. O caminhoneiro teria que desembolsar, e ele não tem esse valor”, o representante do Sindicato dos Caminhoneiros, Diumar Bueno.