O leiteiro Assis Carvalho diz que esta é a primeira vez que enfrenta situação de caos nas estradas que cortam o município, cujas pontes foram destruídas pelas enxurradas das chuvas dos últimos dias na região
Daniella Arruda

Perto de completar 53 anos de emancipação político-administrativa – no dia 11 de dezembro –, o município de Corguinho, distante 97 quilômetros de Campo Grande, ainda tenta se recuperar dos estragos causados por fortes chuvas registradas na primeira quinzena deste mês na região, que danificaram cinco pontes em estradas vicinais, dificultando o acesso da população dos distritos à cidade e o transporte de produtos pela região.

Os prejuízos, causados após precipitação de 120 milímetros no município, levaram a prefeitura a decretar situação de emergência, homologada pelo Governo do Estado na semana passada e publicada no Diário Oficial da última segunda-feira. A estimativa preliminar é que a reconstrução e conserto das pontes e serviços complementares custe pelo menos R$ 300 mil, segundo informações do prefeito Dalton de Souza Lima (PMDB).

Ontem, equipes da Defesa Civil estiveram no município para avaliar a extensão dos danos relacionados às chuvas. Conforme informações da prefeitura, foram atingidas três pontes municipais, que dão acesso aos distritos de Baianópolis, Formiga e Taboco; e duas estaduais – a que dá acesso ao município de Rio Negro e outra conhecida como “Gaieirinha”, ligando Corguinho ao distrito de Cipolândia, em Aquidauana. Em todas, foi necessário improvisar desvios. “Por causa da chuva forte, três pontes rodaram e as outras ficaram comprometidas; com um município deficitário em recursos, tivemos que pedir socorro”, disse o prefeito.

Dentro d’água

Na estrada de acesso aos distritos de Baianópolis e Fala Verdade e também ao município de Rio Verde, o volume de águas foi tanto que acabou levando a ponte de madeira sobre o Córrego Santa Rosa. Um desvio foi providenciado e os motoristas que necessitam usar a estrada estão tendo que passar por um leito d’água de aproximadamente 30 centímetros de profundidade. A outra opção é dar uma volta de dois quilômetros, passando dentro de três propriedades, para então atravessar outra ponte e então seguir margeando o córrego até chegar ao trajeto inicial.

Assis Carvalho, 44 anos, é um dos motoristas que estão passando diariamente por dentro do córrego. “Puxo leite e esse é meu trajeto, faço uma viagem todo dia”, explicou. Em 23 anos de trabalho, o leiteiro conta que essa é a primeira vez que viu uma ponte ser arrastada pela chuva.

O pedreiro Arnaldo Lopes Suzarte, 81 anos, também se espantou com o que considera fúria da natureza. “Quando vem enchente, a água passa por cima da ponte. Mas dessa vez foi uma chuva derramada, carregou tudo que foi ponte”, comentou.

Baldeação

A quatro quilômetros da zona urbana, as águas levaram embora a cabeceira de ponte que liga Corguinho ao município de Rio Negro. Enquanto a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), responsável pela obra, mantém desde quarta-feira da semana passada uma equipe trabalhando na recuperação da estrutura e reconstituição do aterro, carros de passeio e até alguns utilitários arriscam-se a passar pela metade da largura que sobrou da ponte. Já para os usuários de ônibus escolar e do transporte intermunicipal o sistema é de “baldeação” – eles têm que atravessar a pé a ponte semidestruída e subir num segundo veículo do outro lado para completar o percurso.