Colisão na GO-206 entre carro e carreta-tanque deixou três mortos
Colisão na GO-206 entre carro e carreta-tanque deixou três mortos. Foto: Divulgação/CBMGO
Ao somar os dados das rodovias federais com os de alguns estados que informaram o balanço das rodovias estaduais, é possível estimar que pelo menos 200 brasileiros perderam a vida nas estradas brasileiras durante o período do Carnaval.

Em mais um levantamento exclusivo, o Estradas.com.br apurou, analisando apenas os dados disponíveis até o momento das rodovias estaduais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará e Alagoas, que a tragédia do carnaval nas estradas é muito maior do que demonstram os levantamentos da Polícia Rodoviária Federal.

É preciso entender que morrem mais pessoas na soma das rodovias estaduais que no total das federais. Por isso, realizamos esta soma para conscientizar a sociedade sobre a dimensão real do problema“, esclarece Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas.

Somente nas rodovias estaduais de São Paulo, consideradas as melhores do país, foram registradas 28 mortes e 458 pessoas ficaram feridas em decorrência de 576 sinistros (acidentes). Minas Gerais vem logo atrás com 21 mortes, mas estranhamente não informa o número de feridos.

Além do caso mineiro, o Mato Grosso, que informa não ter registrado nenhuma morte, omite os sinistros e eventuais feridos. Curioso é o caso de Goiás, em que a Polícia Militar apenas menciona uma redução de 22% no número de mortos, mas não diz quantos foram, nem fornece dados, até o momento desta publicação, sobre sinistros e feridos.

Entretanto, somente em dois casos que noticiamos no portal encontramos 5 vítimas fatais em rodovias estaduais de Goiás.

Destaque positivo para o Espírito Santo, que, apesar de não informar o número de feridos, criou uma plataforma em que é possível saber o total de mortos no trânsito do estado.

Da região Sudeste, o destaque negativo é o Rio de Janeiro, que mais uma vez não apresenta nenhum balanço de sinistros (acidentes), mortos e feridos. Mais uma vez, em apuração do nosso portal, registramos três mortos e quatro feridos em apenas uma colisão registrada na RJ-186.

Portanto, os dados do quadro abaixo revelam apenas resultados incompletos das ocorrências em rodovias estaduais de 10 estados, além das rodovias federais. Leia-se NI como Não Informado.

RODOVIAS ACIDENTES (sinistros) MORTOS FERIDOS
PRF – FEDERAIS 1.223 85 1.370
RS 119 5 78
SC 114 8 86
PR 92 12 99
MG 143 21  NI
ES 10 4  NI
SP 576 28 458
MT  NI 0  NI
MS 8 1 7
AL 16 3  NI
CE 48 6 29
TOTAL 2.349 173 2.127

 

Dados permitem estimar em pelos menos 200 mortos e mais de 2.300 feridos

Faltam dados de todos os sete estados da região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia,, Roraima, Pará, Tocantins), outros sete do Nordeste: Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Sergipe, Pernambuco, sem contar ainda o Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal.

A estimativa de cerca de 200 mortos no total das rodovias estaduais é possível, já que seriam necessárias apenas 27 vítimas fatais nos 17 estados que faltam apurar o total de óbitos nas rodovias.

No caso dos feridos, a soma de 2.127 leva em consideração o total nas rodovias federais e de apenas 6 dos 10 estados levantados. Portanto, faltam dados de 21 unidades da federação, dentre elas Minas Gerais, que só de mortos registrou 21. Com isso, é possível acreditar que o número de feridos deve ultrapassar os 2.300 com facilidade.

Importante destacar que nesse período de Carnaval reduz substancialmente a presença de caminhões nas estradas, até pelas restrições de horário e dia de circulação impostas aos condutores desses veículos.

Para o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, é preciso destacar que a Polícia Rodoviária Federal está disponibilizando os dados nacionais e por estado. Ao mesmo tempo, lamentar que a maioria dos estados não façam o mesmo. Ele lembra ainda que o total de mortos pode superar as 300 vítimas fatais.

Estatisticamente, cerca de 5% dos feridos vêm a óbito em até 30 dias após o sinistro. Temos uma subnotificação evidente de mortos e feridos. Por isso, é provável que pelo menos 100 pessoas venham a óbito nas próximas semanas. Infelizmente, em breve faremos um novo balanço de mortos e feridos do feriado de Páscoa, e nada terá efetivamente mudado. A violência no trânsito não é prioridade para os governantes, muito menos a punição rigorosa dos infratores e criminosos de trânsito. Haja vista o adiamento da fiscalização do exame toxicológico, obrigatório para motoristas que dirigem veículos pesados.”

3 COMENTÁRIOS

  1. Não seria o caso de construírmos uma plataforma nacional de dados em sinistros de trânsito? Além das informações de sinistros, vítimas, mortos, as informações de como se deu o sinistro, por exemplo, como a via que ocorreu o sinistro e o número do seu quilômetro? Acho que aí sim poderíamos ter a dimensão real do problema, que sem essa padronização e consolidação dos dados, já se mostra demasiadamente grave.

    • Há décadas que esse tema é debatido mas nunca chegam a um consenso. Cada governo quer “controlar” seus dados e divulgar conforme sua conveniência. Na prática a preservação de vidas não é prioridade, em qualquer ideologia ou grupo político neste país.

  2. O descaso crônico com a segurança do trânsito brasileiro não tem precedentes no mundo.
    Seja governo conservador ou liberal, não importa.
    Um quer CONSERVAR o caos.
    O outro quer LIBERAR ainda mais a carnificina sobre rodas.

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