A alegria do Carnaval foi manchada pelo balanço trágico das mortes nas rodovias em Santa Catarina. De sexta-feira até ontem às 22h, 44 pessoas morreram no trânsito, um aumento de 51,72% com relação ao mesmo período do ano passado, quando morreram 29. Entre as vítimas, três adolescentes, quatro crianças e um bebê de seis meses.

O recorde de acidentes com óbitos neste ano ocorreu nas rodovias federais, onde morreram 26 pessoas. No ano passado, do total de 29 mortes no Carnaval, 21 foram nas estradas sob jurisdição da União.

O número de ocorrências fatais também cresceu nas estradas estaduais: 12 mortes em 2007 contra cinco em 2006. Nas vias urbanas, o número dobrou de três casos fatais no ano passado para seis no atual período de folia.

A imprudência, o clima chuvoso e o excesso de veículos estão entre os fatores apontados como prováveis responsáveis por tantas mortes. O inspetor-chefe da 1ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal (PRF), Carlos Roberto Wolff, lembra que este ano foram 11 óbitos somente dois acidentes – sete pessoas num Gol na BR-101, segunda-feira, em Santa Rosa do Sul, e quatro, de uma mesma família, num Clio, terça-feira, em Correia Pinto.

Wolff avalia que a PRF fez tudo o que estava ao alcance para reduzir os acidentes com mortes. O efetivo e a fiscalização foram reforçados. Os policias do posto de Palhoça, por exemplo, em dois dias, aplicaram 600 multas referentes a ultrapassagens indevidas e tráfego no acostamento para furar a fila em congestionamentos.

Diversas ocorrências foram na saída de bailes

Os resquícios do Carnaval ficam claros. Em São João Batista, no Vale do Rio Tijucas, Mateus Dias de Azevedo, 15 anos, era caroneiro de um Gol e perdeu a vida numa capotagem logo após a saída de um baile de Carnaval na cidade. Foram seis capotagens, com 11 mortes no total.

Ontem, Francieli Candeo, de seis anos, sua mãe, de 20 anos, e um adolescente de 14 anos perderam a vida em capotagem de um caminhão em ponte no interior de Timbé do Sul.

Também houve cinco mortes por atropelamentos. Na Capital, a atendente de lanchonete Fernanda Jenifer Alflen, 18 anos, morreu às 5h50min de ontem ao ser atropelada no Bairro Estreito, área continental, quando voltava para casa de uma festa de Carnaval.

Em Balneário Piçarras, Litoral Norte, outro jovem, Gilmar José Martins, 18 anos, perdeu a vida ao ser colhido por um veículo na madrugada de sábado nas margens da BR-101. Uma menina de 12 anos foi vítima do mesmo tipo de acidente, terça-feira. Ela morreu na BR-282, em Ponte Serrada, no Oeste. O motorista do veículo fugiu sem prestar socorro.

Pressa causa maior tragédia do feriadão

A pressa em chegar ao destino pode ter custado a vida de muitos. Esse foi o caso do acidente mais grave do Carnaval, quando morreram sete pessoas de um Gol que tentou uma ultrapassagem indevida na BR-101, segunda-feira, em Santa Rosa do Sul, no Sul do Estado.

Muitas vezes, para chegar 10 minutos antes ao destino a pessoa perde horas num acidente. Se não perder a vida ou matar alguém.

Ontem, por pouco o número de mortes não aumentou. Um acidente com dois ônibus e um caminhão deixou 17 feridos na BR-282, às 16h10min, em Chapecó. Todos foram conduzidos ao Hospital Regional do Oeste e nenhum corria risco de perder a vida.

Para ajudar na fiscalização das rodovias federais, a superintendência de Brasília enviou 15 policiais rodoviários para trabalhar no Carnaval em Santa Catarina. A escala de folga também foi reduzida. O efetivo de 25 policiais que atuam por dia nos quatro postos da delegacia de Florianópolis, foi ampliado para 40. Os postos ficam em Palhoça, Biguaçu, Rancho Queimado e Itapema.

– Nós fizemos nosso trabalho, mas é preciso mais consciência por parte dos usuários das rodovias – conclui o inspetor Carlos Wolff.

A polícia também utilizou radares fotográficos para multar excesso de velocidade. Em média, foram aplicadas de 500 a 600 multas diárias neste feriado. Os usuários serão notificados em casa.