A obra de duplicação da rodovia federal BR-101 no município de Paulista em 2005 preocupa os moradores do bairro de Arthur Lundregen II. A intervenção para desafogar o trânsito na Zona Norte da Região Metropolitana do Recife acabou prejudicando a estrutura das casas do local.
As residências ficam às margens da rodovia. Várias famílias contam que moram há mais de vinte anos no bairro e só começaram a perceber rachaduras nas paredes quando as máquinas trabalhavam na construção da nova estrada.
A Defesa Civil de Paulista fez vistorias nas residências e constatou que várias delas correm o risco de desabar. A recomendação é para que os moradores abandonem o local. O Departamento de Estrada de Rodagem de Pernambuco (DER-PE), responsável pela duplicação da rodovia, também já está a ciente do problema.
Os moradores dizem que depois que a obra da rodovia ficou pronta, representantes do DER-PE vieram ao local, numeraram cada uma das casas e garantiram que todas as famílias seriam indenizadas para poderem sair da área. Mas a promessa ainda não foi cumprida.
“Eles vieram aqui, prometeram, mediram as casas todas, mas até agora não fizeram nada”, reclama a artesã Rosilene de Sales, que mora na região.
As rachaduras estão em todos os cômodos, e algumas vão do chão ao teto. A dona-de-casa Josefa Alexandre conta que investiu todas as economias para construir o imóvel e agora vive angustiada por causa do risco de desabamento. Além das paredes trincadas, o piso está afundando.
“O chão está afundando e as rachaduras estão aumentando, já cabe até uma caneta no espaço”, disse a dona-de-casa. “A gente não dorme porque ouve estalar muito, fica sempre alguém acordado prestando atenção. Não temos sossego”.
Os moradores dizem que, apesar do risco ser constante, não têm para onde se mudar. Na família da dona-de-casa Marli Muniz, treze pessoas moram na mesma residência, que também já foi condenada pela Defesa Civil de Paulista.
“Nos sentimos lesados e até esquecidos e enganados por eles”, se queixa Marli. “Eles disseram que iriam tirar todo mundo daqui e brincaram com nossos sentimentos”.
PROVIDÊNCIAS
De acordo com o diretor jurídico do DER-PE, Bruno Costa, as providências começaram a ser tomadas no fim do governo anterior. “Algumas famílias receberam parte da indenização, o suficiente para reformar as casas, mas não saíram do local”, afirmou.
Ainda segundo ele, o caso já foi avaliado pelo DER-PE. “O laudo está pronto, mas não pudemos liberar os recursos para a Prefeitura e Paulista ano passado por causa da lei eleitoral”, explicou. “Falta apenas a parte burocrática de assinar o convênio com a prefeitura, mas a verba deve ser liberada ainda em janeiro”.