O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, sabia do problema envolvendo o modelo Fox, da Volkswagen, desde julho de 2006, informou, neste sábado, O Estado de S. Paulo. A entidade estaria investigando o caso a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que naquele ano, teria recebido uma carta do químico Gustavo Funada, provavelmente a primeira pessoa a ter parte do dedo decepado no sistema do banco traseiro, usado para ampliar o espaço do porta-malas.

Na semana passada, com a publicidade que o caso passou a ter, o DPDC abriu investigação contra a Volkswagen por suspeita de descumprimento do Código de Defesa do Consumidor, que determina a realização de recall quando há defeito que põe o consumidor em risco.

Ao apurar o caso, o DPDC teria recebido dois laudos conflitantes: um de entidade que acompanha vítimas de problemas com veículos e outro da própria Volkswagen, que foi notificada a prestar esclarecimentos. A montadora alegou tratar-se de um caso específico, que envolveu uso incorreto do equipamento, praticamente o mesmo argumento mantido até hoje. Atualmente, há relatos de oito casos de pessoas que tiveram parte dos dedos decepados e pelo menos outras 14 que tiveram ferimentos.

Mesmo em condições de arquivar o processo, o órgão resolveu manter as investigações. No início deste ano, o DPDC determinou a contratação de um perito independente para fazer um laudo definitivo, mas, para isso, precisa realizar licitação, processo que está em curso.

Se for comprovado o descumprimento ao Código de Defesa do Consumidor, a Volks poderá ser obrigada a fazer recall, convocando os mais de 500 mil consumidores que compraram modelos da linha Fox no Brasil desde seu lançamento, em 2003. Também poderá ser multada em até R$ 3 milhões.

Desde segunda-feira, concessionárias Volkswagen realizaram 599 instalações de anéis de travamento nos modelos Fox, e 941 estão agendadas para os próximos dias.