A nova faixa de aceleração implantada na via Dutra nas proximidades do bairro Jardim da Granja, em São José dos Campos, tem colocado em risco a vida de pedestres e ciclistas que utilizam o trecho, que perdeu o acostamento.

Sem opção, moradores da região disputam, a pé ou em biciletas, espaço com os carros na pista. Com a mudança, feita pela NovaDutra a pedido da Polícia Rodoviária Federal, as pessoas ficaram ainda mais expostas a atropelamentos, segundo especialistas.

A transformação do acostamento da pista sentido São Paulo-Rio de Janeiro em faixa de aceleração ocorreu há dois meses em um trecho de um quilômetro e meio, a partir do viaduto Bandeirante, entre os kms 145 e 146.

Segundo a PRF, a medida foi adotada para conter os frequentes acidentes que eram registrados no trecho por carros que entravam na rodovia, a partir da avenida dos Astronautas, em baixa velocidade (leia texto nesta página).

Se para a Polícia Rodoviária a mudança foi a solução para os problemas envolvendo colisões de veículos no local, para os ciclistas e pedestres que usam todos os dias o trecho para ir ou voltar do trabalho tornou-se um transtorno.

SEM SEGURANÇA – Sem espaço para circularem, eles vivem no limite da segurança, dividindo com os carros a nova faixa de aceleração, cuja extensão já ficou conhecida como trecho da morte .

O engenheiro rodoviário Ronaldo Garcia, especialista em trânsito, classificou como uma medida equivocada a pista de aceleração implantada na via Dutra (leia texto nesta página).

DIA-A-DIA – A auxiliar de cozinha Mônica de Fátima Nunes Firmino, 26 anos, admitiu que esta errada em utilizar a rodovia como caminho para o trabalho, mas disse que não tem outra opção.

“Não há outra opção e, para eu usar a passarela, tenho que dar uma volta muito grande para chegar em casa. Então compensa ir pelo acostamento da pista sentido São Paulo”, disse.

Mônica disse que um amigo morreu há duas semanas em um acidente no trecho e que muitos motoristas não respeitam os ciclistas, jogando os carros em cima deles. “É muito perigoso”, disse.

O pedreiro José Nilton Bezerra, 32 anos, que mora no bairro Galo Branco, disse que sempre utiliza o trecho de bicicleta. “Sem acostamento ficou muito difícil passar por aqui. Principalmente em horário de pico”, disse.

CANTEIRO – Para o montador José Vilani, 41 anos, que prefere encarar uma hora de caminhada diária pela Dutra para chegar até a fábrica em que trabalha, a solução é andar pelo canteiro lateral.

“Mas em algumas partes ando pelo canto da pista de aceleração porque há muitos buracos na grama”, disse.

Já o encanador José Antônio da Silva, 57 anos, disse que ignora o canteiro para conservar sua bicicleta. “Não dá para passar por lá, tem muita valeta no mato. Esse percurso está difícil. Deveriam construir uma ciclovia até o Vista Verde”, disse.

Silva afirmou que conhece o local pelo termo “trecho da morte”, mas que tem que se arriscar para manter o emprego.

TRÁFEGO PESADO – A pista, que foi aberta para uso exclusivo de carros leves, também tem sido utilizada de forma indevida por caminhões e carretas, segundo as pessoas que passam a pe ou de bicicleta pelo local.

“Tive que desviar de um caminhão esses dias para evitar que fosse atropelado. Está muito difícil passar por aqui de bicicleta”, disse o pedreiro Luiz Gonzaga, 36 anos.

A Polícia Rodoviária Federal não soube informar na tarde de ontem quantos acidentes já ocorreram no local neste ano.