A polícia identificou ontem à tarde, a sexta vítima do acidente ocorrido na manhã de sexta-feira, na DF-025, que liga o Lago Sul ao Paranoá. Trata-se do carpinteiro Raimundo Nonato Batista de Carvalho, 32 anos. Ele seguia para o trabalho, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), no momento da colisão que envolveu um ônibus de turismo interestadual e uma van do transporte alternativo, deixando seis mortos e dez feridos.
O corpo de Carvalho foi reconhecido no Instituto de Medicina Legal (IML), pelo motorista Raimundo Marques Santana, 45 anos, tio da vítima. “Como ele não atendia ao telefone e não voltou do trabalho, achamos estranho e resolvemos procurar a polícia”, disse Santana.
O motorista explicou que a família soube do acidente e ficou preocupada porque quando ocorreu a colisão era a hora em que Carvalho costumava estar a caminho do trabalho. Mas, como o nome dele não constava do lista de mortos, ficaram tranqüilos. Mesmo assim, a mulher do carpinteiro,Voneide de Carvalho, telefonou para o marido. O telefone ficou na mochila e ninguém atendia, por isso não sabiam que ele era uma das vítimas. Carvalho será sepultado hoje, mas a família ainda não definiu o local.
Evailton Nunes Alecrim, motorista do ônibus da empresa West Turismo, sediada em São Paulo, foi transferido ontem da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para uma cela do Departamento de Polícia Especializada (DPE), onde permanecerá à disposição da Justiça.
Evailton não pagou a fiança de R$ 8.234 estipulada pelo delegado de plantão, Waldek Fachinelli Cavalcante. O motorista foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar) e lesão corporal de trânsito. No primeiro caso pode ser condenado a uma pena de dois a quatro anos de reclusão e, no segundo, poderá ficar de seis meses a dois anos na prisão.
Ontem, o auxiliar de cinegrafista da TV Record José Aparecido Rodrigues, 32 anos; o assistente administrativo da Viação Planeta, Nilson Uchôa da Silva, 43 anos; e Bernardo Candeira Brito, 42 anos, foram sepultados no Cemitério Campo da Esperança.
Enterro
Mais de 100 pessoas, entre parentes, colegas da Record e vizinhos compareceram ao velório de Zé Galo, como José Aparecido era carinhosamente chamado, para levar solidariedade à família e se despedir do amigo. O deputado federal Tadeu Filippelli também compareceu à cerimônia.
O auxiliar de cinegrafista seguia para a Record, onde trabalhava há 11 anos, no momento do acidente. Entrava no trabalho às 7h e sempre chegava adiantado. O cinegrafista Francisco Cardoso Lima, o Chiquinho, companheiro de trabalho de Zé Galo, estranhou quando o amigo não chegou.
Ele tinha acabado de receber a notícia do acidente, pelo Corpo de Bombeiros, e saiu com outro auxiliar para fazer as imagens. Quando chegou ao local reconheceu a mochila e o telefone do amigo, no chão. Chiquinho continuou filmando até encontrar o corpo de Zé Galo. “Quase não conseguir segurar a câmera e estou muito abalado sem acreditar na morte dele. Sempre nos transmitia alegria”.
O auxiliar de cinegrafista era casado e tinha dois filhos, um de três e outro de dez anos.
O deputado Tadeu Felippelli afirmou que as autoridades precisam resolver o problema do transporte porque quem mais perde é o usuário. Segundo o parlamentar, tem de haver uma reformulação completa na estrutura de transportes para evitar briga entre governo, representantes de vans e empresários. Felippeli aponta as vias alternativas como solução. “As vans têm seu lugar e não podem ser predadoras”, afirma.