Número de motos circulando nas rodovias cresce ano a ano: falta habilidade para muitos (foto: Jonas Oliveira) Durante o feriado de Finados, o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) registrou 11 mortes. Destes óbitos, oito envolveram motociclistas e caronas. Acidentes envolvendo motociclistas em rodovias que cruzam o Estado tem se tornado cada vez mais frequentes. E a imprudência é a principal causa. A circulação de motos pelas rodovias tem crescido nos últimos anos, e esta já é uma das principais preocupações do policiamento.

Os acidentes com motos representam pouco mais de 10% das ocorrências nas estradas, número considerado bastante elevado se comparada a frota de veículos e de motocicletas circulantes. E o mais preocupante é que mais de 98% destes acidentes acontecem em áreas urbanas, em pequenos trechos que ligam um município ao outro.
No caso do balanço do BPRv, as mortes envolvendo os motociclistas e seus caronas representaram 73% dos óbitos neste feriadão. “Isso demonstra a falta de responsabilidade ao pilotar e, em se tratando deste veículo, um erro pode ser fatal”, afirma o o chefe de Operações do BPRV, Sheldon Vortolin.

Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que, entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 1.443 acidentes envolvendo motociclistas em rodovias federais que cruzam o Paraná, com um saldo de 1.660 feridos e 64 mortos. O índice representa 12% do total de acidentes. De acordo com o inspetor Gilson Cortiano, chefe de operações da PRF no Paraná, há uma tendência do crescimento deste tipo de ocorrência decorrente do aumento da frota de motocicletas, embora não haja uma estatística oficial já formulada.

Dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR) apontam que, em um ano, o aumento na frota de motos cadastradas aumentou quase 10% em todo o Estado, saltando de 692,9 mil para quase 758 mil. O aumento no número de carros de passeio cadastrados subiu cerca de 7% em todo o Estado.

“O que está acontecendo é um crescimento exacerbado no número de motos. Ele tem sido muito acima do que o observado na frota de veículos de passeio. E isso provoca uma mistura muito grande de motos em meio aos veículos. Uma preocupação constante é que grande parte destes motoqueiros ou não são habilitados para conduzir a moto, ou excedem a velocidade, ou realizam ultrapassagens proibidas e acabam provocando acidentes muitas vezes fatais”, explicou Cortiano, que também aponta que, se antes as motos ficavam mais restritas às cidades, agora já são mais constantes nas rodovias também.

Outra preocupação é o fato de mais de 98% dos acidentes com motos estarem localizados em trechos urbanos das estradas. Segundo Cortiano, este índice tem aumentado ano após ano e, por conta disso, a PRF tem procurado intensificar a fiscalização em rodovias que cortam esses municípios. “Um exemplo onde acontece muito esse problema com motos é entre Londrina e Maringá. Geralmente são trechos curtos, onde as rodovias cortam as áreas urbanas”, apontou. 100 quilômetros separam as duas principais cidades do Norte do Estado.

“Não podemos generalizar, mas muitos motoqueiros são inconsequentes. Eles abusam da autoconfiança e acabam se envolvendo em acidentes. Ultrapassagens forçadas, excesso de velocidade e avanço de sinal são as imprudências mais comuns. E as chances de um acidente com moto ser fatal são muito altas”, finalizou.

Estatística vai na contramão
A Concessionária Ecovia, que administra o trecho da BR-277 entre Curitiba e o Litoral do Estado, aponta que os acidentes com motos vem seguindo uma tendência inversa. Enquanto os acidentes de um modo geral têm apresentado queda nos últimos três anos, as ocorrências envolvendo motociclistas aumentaram. A concessionária atribui este índice ao aumento da frota deste tipo de veículo.
Se em 2007 perto de 70 mil motociclistas circularam mensalmente nos dois sentidos da BR-277, este número saltou para 90 mil em 2008 e deve ultrapassar a marca dos 100 mil neste ano. O aumento é ainda 20% maior nos finais de semana. Em média, 250 motocicletas circulam diariamente nos dois sentidos da rodovia.

Nos dez primeiros meses de 2007, a Ecovia registrou 1.025 acidentes em todo o percurso da rodovia. O total de acidentes com moto correspondeu a 13% do total, com 133 casos. Já em 2008, o número de acidentes caiu para 916 no mesmo período analisado, mas as ocorrências envolvendo motociclistas aumentaram para 14% do total, com 125 casos. Já nos 10 primeiros meses deste ano foram 846 acidentes, sendo 141 com motos, o equivalente a 17% do total.
Os tipos de acidentes mais comuns envolvendo motociclistas são as quedas, as colisões traseiras e os abalroamentos no mesmo sentido. Neste ano, dos 141 casos registrados, 56 foram referentes a quedas. Em 2008, foram 40 casos desta espécie e, no ano anterior, foram computadas 61 ocorrências.

Em relação às colisões traseiras, segundo tipo de acidente mais comum, foram registradas 37 situações este ano, 33 em 2008, e 21 no ano de 2007. Os abalroamentos no mesmo sentido são o terceiro tipo de colisão frequente, tendo sido registrados 12 casos neste ano e no ano passado, e 17 em 2007. (FGS)

Alguns trechos têm média de um acidente por quilômetro
As estatísticas da concessionária Rodonorte, que administra trechos das BRs 277, 376, 373 e PR-151 entre Curitiba e Apucarana e Ponta Grossa e Jaguariaíva, apontam que os acidentes com motos nestes trechos representam 11% do total em 2009. Em 2008, o índice era parecido, 12%.

Neste ano, na BR-277, entre Curitiba e São Luíz do Purunã (cerca de 35 quilômetros de distância), foram registrados 84 acidentes envolvendo motociclistas, que terminaram com saldo de 90 vítimas e quatro mortes. Os acidentes aconteceram em perímetros urbanos, em pequenos trechos. Entre os quilômetros 100 e 115, por exemplo, foram 38 acidentes, média de 2,5 por quilômetro.

Na BR-376, entre Apucarana e São Luíz do Purunã, passando por Ponta Grossa, foram registrados 87 acidentes com 107 vítimas e nove mortes. Em um trecho de somente 17 quilômetros, entre os quilômetros 488 e 505, foram 22 acidentes, que resultaram na morte de quatro pessoas e outras 23 ficaram feridas.
A BR-373, entre Ponta Grossa e o Trevo do Caetano, saída para o Norte do Paraná e Foz do Iguaçu, a concessionária registrou 13 acidentes em uma distância de apenas 12 quilômetros. Na PR-151, entre Ponta Grossa e Jaguariaíva, que distam pouco mais de 100 quilômetros, foram computados 36 acidentes que terminaram com 29 feridos e duas mortes. Em um trecho de 29 quilômetros, por exemplo, foram 20 acidentes e 15 feridos.

A preocupação da concessionária é a mesma apresentada pela PRF, apontando que estes acidentes acontecem geralmente em perímetros urbanos e em curtas distâncias. As motos representam menos de 5% do total de veículos que passam pelas praças de pedágio. Problemas como ultrapassagens proibidas, excesso de velocidade e o desrespeito à sinalização são as principais causas dos acidentes registrados.