A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo encaminhou ontem (6) um ofício à presidenta da República, Dilma Rousseff, pedindo para que seja atribuída à ditadura militar a responsabilidade pela morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Desde o ano passado, a comissão tem investigado a morte de Juscelino e concluiu que a versão oficial sobre a morte do ex-presidente foi “forjada” durante a ditadura militar.

Ocorre que em maio de 1995 o Informe RDE, publicação que era distribuída gratuitamente nas rodovias e que foi sucedida respectivamente pela Revistas das Estradas e atualmente pelo portal Estradas.com.br , entrevistou o então Superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro, João Bernardo de Souza que atendeu o acidente, juntamente com o patrulheiro Fraga, em agosto de 1976 e que relatou o atendimento ao acidente, afirmando categoricamente que não foi atentado mas acidente. Importante destacar que na ocasião da entrevista já não era mais período de Governo militar o que daria mais liberdade ainda ao Inspetor esclarecer  a verdade. E a pauta sequer era o acidente do ex-presidente.

A entrevista tinha como foco saber quais as dicas da PRF para evitar acidente nas estradas. No meio da conversa, o conceituado jornalista Ayrton Baffa, ganhador de vários prêmios ESSO, que realizava a entrevista juntamente com Rodolfo Rizzotto, atual editor do www.estradas.com.br , perguntou sobre o acidente de Juscelino.  Bernardo então informou que foi ele que atendeu o acidente. Segundo Bernardo , ele e seu companheiro Fraga foram chamados para atender o acidente de um Opala com um caminhão no antigo km 163.

“Escurecia, passava das cinco e meia da tarde. Fomos os primeiros a chegar ao local. O veículo do presidente saíra da pista, ao tentar ultrapassar um ônibus da Cometa. A estrada estava sendo recapeada e o carro caiu numa valeta, atravessando a pista. Uma carreta subia em sentido contrário e o Opala ficou embaixo dela.O carro tinha tinta do ônibus do lado esquerdo da sua lataria”. E completou:

“Não sabíamos a identidade das vítimas. O Fraga recolheu-lhes os bens e uma agenda e nos espantamos ao ver que se tratava do presidente, que estava todo desfigurado. Seu fêmur entrou pelo seu peito.”

O inspetor João Bernardo de Souza acompanhou, em 2000, uma outra comissão de deputados, criada para investigar o acidente de Juscelino fazendo com eles todo o percurso até o local onde Juscelino morreu.

A atual comissão ouviu também Gabriel Junqueira Villa Forte que conhecia Juscelino e era dono de um hotel em Resende, a menos de 3 quilômetros do local do acidente, Villa Forte afirmou que não há o que investigar sobre a morte do ex-presidente: “A curva é muito perigosa mesmo.” Para ele, o motorista, provavelmente, corria e perdeu o controle da direção. “Não tem a menor chance de ter sido algo diferente.”