O Bairro Piemont, localizado na cidade de Betim, é constituído basicamente de empresas de vários ramos. São metalúrgicas, empresas de construção civil, de plástico, transportadoras, autopeças, entre outras. O bairro tem pouco moradores e a maioria é de trabalhadores de empresas que enfrentam um sério problema: atravessar as quatro pistas da BR-381. Eles dizem que todos os dias correm risco ao cruzar a rodovia, por causa da grande movimentação de carros.

Nesse trecho, de frente à entrada principal do bairro, há postos de gasolina, um hotel de grande porte e fábricas que empregam grande número de funcionários. “Temos que atravessar a rodovia correndo todos os riscos, porque não existe uma passarela”, comenta Solange Soares de Oliveira, de 33 anos, comerciante, que já viu vários acidentes no local. “Recentemente, uma cliente nossa foi atropelada aqui na Rua L. É uma tristeza.”

Ela conta que há 10 anos é moradora do lugar e desde então a comunidade está reivindicando uma passarela para tentar poupar a vida das pessoas. A travessia nesse ponto é muito perigosa. Dezenas de linhas de ônibus vindas de Betim e de Belo Horizonte deixam os passageiros de um lado e outro da 381.

De um lado, está o Bairro Piemont e, do outro, a área industrial do Bairro Flamengo. A única alternativa que os passageiros de ônibus que descem nos dois sentidos têm é uma pequena abertura na mureta de concreto, mas, não há canteiro para que o pedestre possa se proteger.

A equipe do Diário da Tarde ficou no local cerca de 20 minutos e constatou as dificuldades dos passageiros dos ônibus em atravessar a BR.

Dário Alves, de 51, técnico eletricista, veio de ônibus de Betim, parou no ponto de frente ao posto de gasolina. Teve que esperar cerca de oito minutos o momento de atravessar o primeiro trecho da BR. Depois, ficou mais quatro minutos parado, esperando a oportunidade de continuar atravessando a rodovia. Aqui é muito perigoso. Sempre vejo acidentes . Ele conta que sente muito medo quando vai atravessar as pistas. Iraci da Silva Batista, comerciante, comenta que a ausência da passarela é um descaso das autoridades. Aqui tem um atropelamento atrás do outro e ninguém toma providência.

Roberto Batista, de 56, mestre de obras, conta que tem dificuldades para passar para o outro lado da BR. Os carros passam perto demais da gente. Dá até medo , diz, acrescentando que uma passarela no local é fundamental. Reginaldo Paulo Teixeira, de 23, servente, conta que todo dia passa aperto. Tenho que trabalhar desse lado de cá da rodovia. Venho do Centro de Betim e é dureza enfrentar esse perigo diariamente . No entorno da rodovia, podem-se ver pés de sapatos e chinelos perdidos pelos pedestres quando correm para atravessar a pista.

Intervenções

De acordo com o engenheiro supervisor do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) Alexandre Oliveira, o órgão federal está tentando juntamente com a Prefeitura de Betim viabilizar um projeto de várias intervenções urbanas, entre elas a passarela reivindicada pela comunidade do Bairro Piemont, um viaduto e outras alternativas de tráfego para pedestres. “Tive reuniões com representantes da prefeitura e estamos conversando sobre essas possibilidades.” O Dnit conhece as deficiências do local, reconhece a necessidade das pessoas, mas não pode fazer nada sozinho.

O secretário de Obras e Serviços Públicos de Betim, Jeferson Paschoal, disse que nessa administração foram construídas quatro passarelas na cidade, nos bairros Vila Recreio, Dom Bosco, Marajoara e Jardim Casa Branca, todas entre Contagem e Betim, para a travessia da BR-381, com recursos do município. Agora não temos dinheiro, por isso, precisamos da parceria com o Dnit . Segundo ele, a prefeitura viabilizaria os projetos e o Dnit arcaria com as despesas de construção. A prefeitura, segundo o secretário, está com boas expectativas de que um convênio possa ser concretizado.