No meio do asfalto, toras e pedaços de madeira. Ao lado da pista, arcos e flechas nas mãos dos índios da etnia Nhambikwara. Uma cena real, que há pelo menos duas semanas é facilmente vista por qualquer motorista que cruze o KM 1243 da BR 364 em Comodoro (677 km de Cuiabá). O motivo é de conhecimento geral: os Nhambikwara usavam o bloqueio para dar visibilidade à cobrança por melhorias no atendimento à saúde, nas estradas que cortam as aldeias e também ao desejo de gerar renda com as terras (reivindicando uma – inexistente, até então – autorização para arrendá-las para o cultivo de grãos).

Para passar pelo bloqueio, só com dinheiro na mão. O “pedágio” imposto pelos índios varia de R$ 30 a R$ 50, dependendo do tamanho do veículo. A cobrança é ilegal e já foi condenada pela Justiça Federal, que no último dia 02 determinou a desobstrução imediata da via. Entretanto, os indígenas voltaram a ocupar a “BR”, descumprindo a ordem judicial. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os manifestantes estariam usando crianças e mulheres para impedir uma ação mais ofensiva da polícia.

Além de gerar insegurança para quem depende da rota para levar a produção até outro destino, o bloqueio também afeta diretamente o bolso dos produtores e dos motoristas. Quem tem que passar constantemente pelo local, não esconde a revolta. É o caso do Deusdete dos Reis Silva, que precisa cruzar o trecho bloqueado cerca de quatro vezes por semana.

Fonte: Canal Rural