O caos aéreo e os recordes sucessivos de vendas das montadoras estão aumentando a preocupação em relação à segurança nas principais rodovias brasileiras. Para reduzir acidentes e aumentar a segurança nas pistas, governo federal e Estados investem na aquisição de equipamentos de trânsito urbano, como radares e lombadas eletrônicas.
O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) pretende investir cerca de R$ 1 bilhão até 2012 em licitações para melhorar a segurança nas estradas federais, tanto nas zonas rurais quanto nas áreas urbanas. “A previsão é de que, até 2012, sejam investidos R$ 748 milhões para instalação de 1.130 de pontos de controle de velocidade, e mais R$ 6 milhões em recursos para os radares fixos. Já, para controle de avanço de sinal, serão investidos R$ 292,9 milhões”, afirma o coordenador geral de operações rodoviárias do DNIT, Luis Cláudio Varejão.
Os resultados dos editais de licitação podem ser conhecidos nos próximos dias, caso não surjam obstáculos judiciais impedindo a abertura dos envelopes. Uma licitação consiste na instalação de 1130 pontos de redução eletrônica de velocidade (como lombadas eletrônicas) a serem colocados em áreas urbanas das rodovias federais. O resultado da licitação deveria ser conhecido no dia 9 de julho, mas na data de abertura dos envelopes uma liminar da 21ª Vara Federal suspendeu o processo licitatório.
Um dos participantes do processo ingressou com uma ação questionando o tipo de licitação (baseada no menor preço, ou seja, quem der a melhor proposta orçamentária vence) e alguns outros detalhes técnicos. “Todos os prazos e recursos estão previstos na Lei de Licitações. Nossa expectativa é de que possamos retomar o processo o quanto antes”, afirma Varejão. Dessa forma, a instalação dos aparelhos já poderia começar a se realizada em seis meses.
Outra licitação refere-se à instalação de radares fixos em 1.100 pontos de rodovias federais em todo o país, com o objetivo de aumentar a segurança nos trechos rurais, eliminando o excesso de velocidade e, conseqüentemente, reduzir a ocorrência de acidentes. São previstos investimentos de R$ 6 milhões nos próximos cinco anos.
Uma concorrência pública, que deve ter o resultado aberto nos próximos dias, terá como objetivo contratar empresas para fiscalizar os semáforos e faixas de pedestres nos trechos urbanos das rodovias. O objetivo é instalar 466 equipamentos de controle de avanço do sinal vermelho em todo o país. A licitação será dividida em 4 lotes e envolverá investimentos de R$ 292,9 milhões.
Maiores investimentos em segurança nas estradas reduzem acidentes. Em algumas regiões em que foram instaladas lombadas eletrônicas, houve redução de 70% em acidentes nas rodovias federais. Menos acidentes significam menos gastos do governo com saúde. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula em R$ 22 bilhões por ano o custo dos acidentes rodoviários no país, incluindo gastos médicos, despesas administrativas, além da perda de renda dos trabalhadores. Maior parte desse montante, cerca de R$ 10 bilhões, refere-se a despesas do Ministério da Saúde.
Quem observa atentamente os negócios no setor são as fabricantes de equipamentos para o trânsito urbano. “Estamos interessados em todas as licitações, e estamos percebendo que o governo está buscando ampliar a segurança nas rodovias federais com o maior uso de tecnologia de trânsito”, afirma José Mario de Andrade, diretor de marketing e negócios internacionais da Perkons. O executivo estima alta de 20% das vendas neste ano e de 15% em 2009, com os governos investindo mais em equipamentos de trânsito para aumentar a segurança nas estradas federais e estaduais.
Por dia útil em São Paulo, que tem a maior frota de veículos do país, são licenciados cerca de 1200 veículos. Em 12 meses, cerca de 360 mil novos veículos estão chegando às ruas do Estado, enquanto as vias públicas não estão sendo expandidas à mesma velocidade. “Os investimentos em tecnologia de trânsito, como controle de velocidade, serão ampliados nas rodovias e nas cidades”, afirma Andrade.
Nas rodovias privatizadas, os negócios para as fabricantes de equipamentos de trânsito poderiam ser ainda maiores, mas há lacunas regulatórias a serem preenchidas. “Na privatização, a responsabilidade sobre a fiscalização do tráfego ficou com o governo, o que dificulta em alguns casos investimentos na área”, analisa o executivo.
Países da América Latina estão buscando obter maiores informações sobre como o Brasil, que tem uma das maiores frotas de países em desenvolvimento, está tentando ampliar a segurança nas rodovias e no trânsito urbano. De olho na expansão de seu mercado e de sua carteira de clientes, a Perkons está abrindo representações no Peru, Colômbia e Argentina para associar-se a empresas locais e prospectar oportunidades. Hoje o mercado externo representa 1% da receita da Perkons. A meta é que ele represente até 40% nos próximos anos.