O número de equipamentos de controle de velocidade nos 26 km do Anel Rodoviário vai aumentar. A informação é do coordenador de Operações Rodoviárias do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Luís Varejão. Ele anunciou ontem a possibilidade de que os radares possam subir de dez para 30.
Atualmente, dez lombadas eletrônicas estão instaladas na rodovia e, segundo ele, outros 12 desses aparelhos e oito radares fixos podem ser implantados. Há cerca de oito meses os radares do Anel estão desligados. Se a medida anunciada por Varejão for adotada, a expectativa é que em pelo menos seis meses a fiscalização eletrônica comece a punir os excessos de velocidade. A licitação para a operação dos equipamentos está prevista para o início de julho.
A via é considerada a mais perigosa de Belo Horizonte por reunir tráfego urbano e rodoviário. Após o desligamento dos equipamentos em outubro do ano passado, o número de tragédias segue uma curva ascendente. Somente nos três primeiros meses deste ano, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) registrou um aumento de 24% no número de ocorrências registradas no trecho.
Anteontem, o Anel Rodoviário foi cenário de mais um acidente trágico que matou duas pessoas, interrompeu o trânsito durante a manhã e causou diversos danos materiais. Uma carreta carregada de óleo lubrificante que seguia do Rio de Janeiro para Goiânia perdeu os freios e atingiu outros 12 carros no KM 3 da rodovia, próximo ao acesso do bairro Buritis. O local é um trecho de descida forte, onde os radares estão desligados e os motoristas excedem na velocidade. No momento do acidente, estava sendo realizada uma obra de troca de cabos da Cemig e uma pista foi interditada, o que causou lentidão do trânsito.
O Anel Rodoviário estava entre as prioridades que o coordenador do Dnit veio tratar com representantes do órgão em Belo Horizonte ontem.
Painel. No encontro, ficou decidida também a implantação, até julho, de reforço na sinalização do Anel com instalação de novas placas indicativas e de três painéis eletrônicos de mensagens variáveis no percurso de 8 km, compreendidos entre a BR-O40 e o bairro Betânia. Esse trecho da rodovia representa menos de um terço de toda a sua extensão e é responsável por 40% dos acidentes.
“Os painéis vão orientar os motoristas, caso ocorra algum sinistro na rodovia, como acidentes de trânsito ou chuva.” Segundo Varejão, outros 389 radares estão previstos para serem instalados em Minas num total de 1.100 que estão sendo licitados para todo o país. “Dia 9 de julho será aberta a licitação da lombada eletrônica – 160 equipamentos . Ontem dois processos licitatórios também foram aprovados. Serão 181 de avanço de sinal e 48 de faixas de pedestres.
Fluxo – Alternância de velocidade é indesejada
Para o diretor da empresa de engenharia consultiva Tectran, Silvestre Andrade, mestre em transporte e trânsito, os radares devem ser instalados de forma a permitir o fluxo na via, mas sem deixar que o motorista atinja velocidade acima da permitida entre os equipamentos.
Ele afirma que, se os acidentes acontecem no mesmo local, existe um problema sistêmico na via, seja uma curva mal traçada ou descida acentuada sem a presença de radares. “Se fosse culpa do motorista, teríamos acidentes mais espalhados”, explica.
Batida foi em descida, perto do Buritis; é o trecho mais perigoso
Insegurança – Falta integração entre órgãos
A falta de integração entre os órgãos de trânsito municipais, estaduais e federais foi apontada ontem como um dos fatores que contribuem para a maior insegurança no Anel Rodoviário. O assunto foi lembrado durante o seminário de Promoção da Saúde e Cidadania no Trânsito, organizado pela BHTrans.
A pista que corta um conturbado trecho urbano do município tem policiamento feito pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e é uma rodovia federal. Por causa dessas características, o trecho será incluído num documento final elaborado ontem e previsto para ser entregue a diversos órgãos envolvidos com a fiscalização e segurança no trânsito.
Na prática, alguns benefícios que a integração prevê são o aumento do efetivo para fiscalização e uma melhor distribuição de recursos para a realização de obras no Anel.