A passageira de um ônibus da empresa Barros, que viajava entre Nísia Floresta e Natal, morreu depois de passar mal com o susto causado pelos tiros disparados por dois ladrões que invadiram o transporte na noite do domingo passado para roubar os viajantes. Os suspeitos foram presos horas depois do crime, dentro de um táxi, com duas mochilas cheias de objetos das vítimas, viajando em direção a uma bebedeira para comemorar o assalto.
Segundo a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal, a passageira Rosélia Luzia do Nascimento morreu antes de chegar ao hospital porque não teve autorização dos ladrões para receber primeiros-socorros ainda dentro do ônibus. Uma socorrista do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), estava na mesma viagem, se prontificou a atender a mulher que passava mal por causa da violência dos assaltantes, mas eles não permitiram o socorro.
Os dois acusados foram apresentados ontem à imprensa, Gerson Pompeu dos Santos, 22 anos, técnico em eletrônica do bairro Nova Descoberta, conhecido pelo apedido de ‘‘Hamburguer’’; e o desempregado Claudécio Lopes da Silva, 18 anos, também de Nova Descoberta, conhecido por ‘‘Tecinho’’. Eles confessaram o assalto, embora tenham tratado com desdém o fato da morte da passageira. ‘‘Nós não vimos ninguém passar mal’’.
O motorista do ônibus disse que os dois assaltantes subiram como passageiros comuns na rodoviária de São José de Mipibu. O transporte trazia pessoas para Natal e depois de passar pelo posto da Polícia Rodoviária na BR 101, foi anunciado o assalto. Os bandidos obrigaram o motorista a dirigir pela rodovia de acesso até o distrito de Cajupiranga, entre Pium e Parnamirim, e lá fizeram o rapa nas pessoas que estavam nos assentos, tomando celulares, bolsas, relógios e outros objetos pessoais. Os ladrões gritavam dizendo que iam fazer uma revista individual e minuciosa em cada vítima. ‘‘Quem esconder alguma coisa, morre’’, era o que bradavam.
Durante o assalto os dois dispararam dentro do ônibus, para intimidar as vítimas e nesse momento a passageira Rosélia começou a passar mal. Além de impedirem o socorro à mulher, na fuga os dois rapazes levaram as chaves do ônibus, impedindo que o motorista pudesse deixar o local distante onde estava, para buscar socorro.
Depois do assalto os acusados pegaram um táxi e voltavam para São José de Mipibu, pois queriam comemorar com as mulheres o sucesso do rapa feito no ônibus. No ponto de táxi, os amigos do taxista que saiu com eles desconfiaram da postura e da atitude dos rapazes e, temendo pela sorte do colega de trabalho, telefonaram para o número 191 da Polícia Rodoviária e alertaram para uma vistoria no táxi. Na passagem pelo posto policial da BR 101 a Polícia Rodoviária constatou que os rapazes estavam armados, cada um com um revólver, no que foram logo detidos por porte ilegal. Nas bolsas que levavam com eles, os diversos celulares começaram a tocar e as pessoas do outro lado da linha tentavam contactar as vítimas do assalto. Foi então constatado que se tratavam dos dois assaltantes do ônibus.