O sítio arqueológico estudado por Rita Scheel-ybert e sua equipe hoje é muito menor que o mesmo local escavado por Carlos Farias há 60 anos.

Essa situação se deve a fatores como a construção da BR-101, que passa em frente ao sambaqui, e a extração de conchas para produção de calcário na região.

– Hoje, o ponto mais alto daqui tem 11 metros, mas os antigos registros indicam que já foram 22 metros – afirma a arqueóloga.

A construção da antiga estrada de ferro Dona Tereza Christina, atual Ferrovia Tereza Cristina, a partir do ano 1880, também pode ter causado danos ao sítio. Para descobrir isso, os arqueólogos conseguiram boas informações com o médico de Tubarão José Warmouth Teixeira, o maior conhecedor da história da ferrovia e autor de vários livros sobre o tema.

Depois ainda vieram outras obras que contribuiram para degradação da área. O historiador de Laguna Carlos Marega diz que em 1946 foi feito um aterro de 1,1 mil metros de extensão sobre as lagoas do Mirim e Imaruí para a construção da nova ponte ferroviária, estrutura existente até hoje. Em 1953, começou a ser aberta a estrada rodoviária que liga Tubarão a Laguna, estrada que hoje é a BR-101. Antes disso o trajeto Florianópolis-Porto Alegre passava pelo Centro de Laguna por causa da travessia da balsa pela Lagoa Santo Antônio dos Anjos.

Em 1959 foi a vez da construção da ponte para os veículos, aproveitando o aterro para a travessia do trem. Todo esse histórico preocupa os arqueólogos que retornam ao sítio arqueológico no início de janeiro, já que uma nova ponte será construída naquele ponto por conta das obras de duplicação da BR-101.

– Conversamos com o pessoal do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) e tivemos garantias de que o sítio não terá impacto com as obras da futura ponte – informa Rita.