Um empresário atropelou pelo menos sete crianças e adolescentes que faziam uma cavalgada na Rodovia do Sol, em Guarapari, no Sul do Estado, na noite de domingo. Após o atropelamento, o veículo ainda bateu em uma árvore. O impacto da colisão foi tão grande que cinco éguas morreram.
O acidente aconteceu por volta das 20 horas, e quem estava ao volante era o dono da Pousada Sereias, José Carlos Morgado. As vítimas, acompanhadas de três adultos, voltavam de uma fazenda onde todos os domingos são realizadas competições de laço. As dez pessoas cavalgavam em duplas, cada uma em um cavalo, no acostamento da rodovia.
No bairro Santa Rosa, no sentido Vila Velha – Guarapari, o Vectra MPI 8373, conduzido por Morgado, atingiu os cavaleiros. Devido à violência da batida, J.F.A.J, 9 anos, foi jogado do cavalo para cima, em direção à copa de uma árvore. O motorista continuou atropelando as vítimas até bater num tronco. Testemunhas afirmaram que não havia marcas de frenagem na pista, e testemunhas confirmaram que ele não freou.
Quando o Vectra colidiu na árvore, um cavaleiro e uma égua que estavam no capô foram lançados à pista. Além de J., ficaram feridos adolescentes de 12, 13, 14, 15 e 16 anos e outra criança, de 8 anos. Uma adolescente de 15 anos e um jovem de 16 estão em estado gravíssimo, segundo parentes. Os três adultos que integravam o grupo não se feriram. Darlan Dias, 30, outro ocupante do Vectra, foi levado em estado grave à Capital. Um segundo passageiro não foi localizado. Três éguas morreram na hora do impacto, e outras duas tiveram que ser sacrificadas a tiros por militares, pois estavam agonizando.
Motorista abandonou até passageiros
O empresário João Carlos Morgado não prestou socorro às vítimas, abandonando nas ferragens do Vectra o passageiro Darlan Dias, 30 anos, e outro rapaz, que não foi identificado pela polícia. Para prendê-lo, militares fizeram um cerco.
Morgado foi localizado dentro de um táxi, no Centro de Guarapari. O empresário disse aos policiais que estava indo ao hospital da cidade, pois no pronto-atendimento havia sido ameaçado pelos parentes das vítimas do atropelamento. Testemunhas confirmaram que houve discussão no local.
Com o teste do bafômetro, foi constatado que ele possuía 0,99 mg de álcool por litro de sangue, quando o índice permitido é 0,28mg/l. O empresário foi autuado no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Guarapari, mas pagou fiança e vai responder ao crime em liberdade.
A reportagem procurou por Morgado na Pousada da Sereia, mas a informação era a de que ele havia viajado. A equipe ainda entrou em contato pelo telefone celular que pertence a ele, mas foi informada de que o aparelho não estava com o empresário.
Susto
“Foi um milagre ninguém ter morrido”
R.C.A.
33 anos, dona de casa
“Fiquei desesperada quando fiquei sabendo que três dos meus filhos estavam feridos por causa do acidente. Quem vê o carro do empresário chega à conclusão de que foi um verdadeiro milagre ninguém ter morrido. S., 15 anos, está com um coágulo na cabeça. Passou por uma cirurgia e está na UTI do São Lucas. Ela iria ficar noiva no sábado, e a festa já estava toda preparada. Outro filho quebrou a clavícula e o braço. Graças a Deus, J., que foi lançado em uma árvore, só teve arranhões.”
Como foi o acidente
1 – Por volta das 20h de domingo, dez pessoas – sendo sete crianças e adolescentes e três adultos – voltavam de uma fazenda em dez cavalos
2 – O grupo cavalgava em duplas pelo acostamento da Rodovia do Sol, no bairro Santa Rosa, em Guarapari, no sentido Vila Velha – Sul do Estado
3 – O Vectra dirigido pelo empresário José Carlos Morgado atropelou sete pessoas que estavam na cavalgada
4 – Uma criança foi jogada para o alto e atingiu uma árvore. Um cavaleiro ficou em cima do capô até o carro bater em uma árvore
5 – Além dos sete cavaleiros feridos, os ocupantes do Vectra – incluindo o motorista – se feriram. Três éguas morreram na hora do impacto, e outras duas foram sacrificadas.