Curvas sem sinalização e pista sem acostamento preocupam os motoristas
Apesar de reconhecerem os benefícios, as empresas preferem manter precaução sobre a utilização da nova rota. O sócio-proprietário da Transportadora Augusta, César Augusto Schultz, disse que fará um estudo para verificar a real necessidade de trafegar por este trecho. “Tem bastante serra”, observa. Enquanto isso, ele diz que não há como ter uma estimativa de economia. “Certamente haverá redução, mas precisamos saber de quanto será. Por enquanto ainda é muito cedo”, salienta.
Segundo Schultz, há pontos em que não existe acostamento, o que pode ser considerado um aspecto negativo, principalmente devido ao intenso fluxo que será registrado no eixo sul da RCS-471. A empresa, que tem a matriz em Venâncio Aires e uma das filiais em Santa Cruz, utiliza duas alternativas para seguir em direção a Rio Grande. De Venâncio, os motoristas se deslocam pela RSC–287, BR–386, passando por Porto Alegre, Guaíba (BR–116) e Pelotas. Saindo de Santa Cruz, eles trafegam pela BR–471, por Pantano Grande, na BR–290, entram na BR–116 e vão adiante. “Vamos fazer uma análise com bastante calma”, ressalta.
De acordo com o proprietário da Modal Transportes, João Pedro Heck, o tempo de viagem, que era de sete horas, diminuirá para seis. Entretanto, ele prefere esperar pela instalação de pontos de apoio, como restaurantes e postos de combustíveis. Por enquanto, a recomendação é transitar por outras rodovias mais seguras. “Acreditamos que haverá investimentos com o tempo para suprir a demanda”, opina. Para Heck, o combustível gasto sofrerá uma diminuição de 10%. De Santa Cruz, os motoristas também podem ir pela 287, até Pinheiral, pegando a RS-405/244 (Passo do Sobrado, General Câmara, Charqueadas) e depois as BRs 290 e 116, seguindo rumo ao Porto de Rio Grande.
Os trechos com muita declividade e perigosos, com pista estreita, curvas fechadas e cerração forte em vários períodos do ano são apontados como os principais inconvenientes pelos usuários da nova rodovia. Apesar disso, mesmo ainda com a necessidade de usar um desvio de 24 quilômetros por estrada de chão no interior de Encruzilhada do Sul, nos últimos meses são comuns os caminhões com contêineres pela nova rota. O motorista de uma das empresas que faz o escoamento de fumo entre Santa Cruz e o Porto de Rio Grande – ele não quis se identificar para evitar problemas – afirma que o tempo de viagem pela BR-116 varia hoje de sete horas e meia a oito horas. Pelo eixo sul da RSC-471, deverá diminuir em pelo menos meia hora com veículo carregado. Disse que faz, em média, três deslocamentos entre as duas regiões por semana. Ele calcula que a economia de combustível chegará a 10%.