Sete quilômetros. É o que falta para que a Rodovia Mogi-Dutra (SP-88) fique completamente duplicada, de Mogi das Cruzes até a entrada da Rodovia Presidente Dutra, em Arujá. A obra está sendo pleiteada junto ao Governo do Estado pelas autoridades da Região do Alto Tietê e quem entra nessa batalha é o engenheiro Jamil Hallage, um dos responsáveis pela construção da obra, na década de 70.
“Acredito que ela deva ser duplicada porque há um movimento intenso no local que precisa ser comprovado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Além disso, essa obra contribuiria para o desenvolvimento das cidades de Arujá e Santa Isabel e de todo o entorno da Rodovia”, afirma Hallage.
O engenheiro não faz estimativas de quanto custaria a duplicação desse trecho, no entanto, destaca que a topografia do terreno nesta extensão facilitaria os serviços. “É bem melhor do que o trecho de serra, o que torna a obra muito menos onerosa. Mas só conheceremos o valor oficial após a elaboração do projeto executivo, se a idéia for levada adiante”, destaca.
Quanto a questão ambiental, Hallage salienta que para a duplicação do trecho final da Mogi-Dutra serão necessários estudos de impacto no meio ambiente. “Hoje em dia essa questão ambiental é levada muito a sério e é assim que tem que ser. Entretanto, o local mais complicado nesse aspecto é o de serra, que já está duplicado, mas a execução do EIA/Rima é indispensável”, diz o engenheiro.
Jamil Hallage participou ativamente da construção da Mogi-Dutra, no primeiro mandato do prefeito de Mogi das Cruzes, Waldemar Costa Filho, em 1970. Ele conta que a estrada foi aberta com recursos majoritários da Prefeitura Municipal. “O Waldemar desapropriou as áreas, fez a concorrência pública, raspou o fundo do tacho e ainda conseguiu uma ajuda do Governo do Estado. O Waldemar tinha a mente aberta e sabia que Mogi das Cruzes só progrediria se a Mogi-Dutra fosse feita”, lembra Hallage, que na época ocupava o cargo de secretário de Obras.
Ele conta que até a década de 50, a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro passava, obrigatoriamente, pelo Centro da Cidade. “Os carros, que na época não eram muitos, passavam pelo Centro de Mogi, muitas vezes na contramão das vias. Eu nunca fui ao Rio de Janeiro de carro. Eu ia de trem, que também passava por aqui. A Via Dutra foi um marco de progresso para o Brasil e a viagem de São Paulo ao Rio ficou uma beleza. Porém, quando a estrada foi inaugurada, exatamente em 1950, Mogi ficou isolada desse processo. Não se via mais aqueles caminhões e carros que agitavam o Centro. Ficou tudo parado”, conta o engenheiro, destacando que foi a partir desse momento que a sociedade começou a se mobilizar para que a Mogi-Dutra fosse construída.
Quando Costa Filho foi eleito, de acordo com Hallage, uma das primeiras medidas do ex-prefeito foi começar o processo para a abertura da SP-88. “Eu participei de todas as etapas. Nós contratamos uma firma chamada Geotel, do proprietário Irineu Idoeta, que fez o projeto executivo. Depois fizemos a concorrência e ganhou a empresa Almeida e Filho, de Volta Redonda, que ficou responsável pelas obras que começaram em 5 de janeiro de 1970. Usamos muitos explosivos porque não se tinha uma restrição ambiental na época. A Mogi-Dutra demorou um ano e meio para ficar pronta”, destaca.
A estrada foi aberta ao tráfego sem pavimentação. “Acabou o dinheiro e o Waldemar abriu para o público mesmo assim, apenas com cascalho. E tinha muito doido que dirigia nessa estrada assim mesmo porque chegava muito mais rápido a São Paulo do que se fosse por Suzano. A poeira não tinha fim, mas todo mundo ficou feliz”, afirma Hallage. Ele diz, ainda, que ninguém sabe responder quanto custou a obra. “Nesse tempo a moeda mudava como mudamos de camisa. Não conseguimos calcular o valor dos serviços, até hoje”, salienta.
A pavimentação da Mogi-Dutra só foi feita no governo seguinte, do prefeito Sebastião Cascardo, em 1974, com o auxílio de verba estadual, já que Paulo Maluf era o governador. “O DER fez o asfaltamento”, lembra Hallage.
Acessos
O engenheiro ficou satisfeito ao ver o término da obra de duplicação do primeiro trecho da Mogi-Dutra, com 10 quilômetros, entre a Rodovia Ayrton Senna e a Ponte Grande. “A estrada ficou boa e a gente sente a diferença. Me lembro que quando era apenas uma pista, sofríamos atrás de caminhões porque não podíamos ultrapassar, na serra. Formavam-se filas quilométricas”, afirma Hallage.
No entanto, ele cobra parte do projeto da duplicação que não foi feito até hoje. “Pelo contrato, já deveriam ter concluído os acessos no Jardim Aracy e Estrada do Pavan porque constavam do projeto. Gastaram todo o dinheiro, mas não fizeram os acessos”, alerta Hallage.