O assessor jurídico da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Carlos Pantoja, não acredita ser viável aprovar legalmente o pedágio cobrado pelos índios tenharim na altura do quilômetro 145 da BR-320, a Transamazônica. “Foi uma atitude de desespero dos povos que vivem naquela região, sem o repasse legal e o desdém da Fundação Nacional do Índio (Funai) a seus problemas”, afirmou. Mesmo assim, afirmou que está em estudo “alguma forma de indenização” do governo federal, já que a rodovia corta terras indígenas.
De acordo com a assessoria da Coiab, há cerca de dois mil Tenharim e alguns membros da etnia Diahoy na área. Eles cobram pedágio há dois meses, desde que fizeram um bloqueio de dez dias na estrada em protesto pela falta de repasses da Funai para alimentação e medicamentos. O valor do pedágio vai de R$ 10 a R$ 60, na ida e na volta, num trecho de cerca de dois quilômetros bloqueado por duas cancelas feitas de tronco.
Pantoja afirmou ainda que, na primeira quinzena de dezembro, um antropólogo da Coiab e membros da Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi) irão até a área do pedágio para entrar em contato com os indígenas e estudar uma alternativa ao pedágio. “O que esperamos é que, até lá, o governo federal possa tomar alguma atitude para ouvir aquelas populações que não tinham outro meio de chamar a atenção”.