Em Pernambuco,xomo consequência da mega operação contra a corrupção deflagrada na última quarta-feira, vinte e cinco policiais rodoviários foram obrigados a prestar depoimento sob condução coercitiva e vão responder ao processo em liberdade.

Eles vão continuar dando expediente interno e serão obrigados a comparecer aos autos judiciais e administrativos. De acordo com a PF, o número de presos pode aumentar, uma vez que, durante as ouvidas, podem ser lavrados autos de prisão. Todos os policiais suspeitos, presos ou não, vão perder a chamada prerrogativa policial, perdendo o porte de arma, a farda e a carteira funcional.

De acordo com o superintendente regional da PRF em Mato Grosso do Sul, inspetor Valter Aparecido Favaro, que coordenou a operação, há sinais evidentes de enriquecimento ilícito dos servidores e o Ministério Público Federal (MPF) foi acionado e pode retirar os bens adquiridos com dinheiro ilícito pelos envolvidos, através de uma ação de improbidade administrativa.

Alguns dos suspeitos chegaram a ter os nomes relacionados na folha de pagamento das empresas beneficiadas pelo trânsito livre nas rodovias federais sem a necessidade de passar por qualquer tipo de fiscalização. Apesar das investigações terem sido iniciadas após uma denúncia recebida no ano de 2006, Favaro acredita que o crime era cometido muito antes, uma vez que alguns suspeitos já somam mais de 30 anos de serviço, tendo se aposentado e continuado atuando na corporação. O inspetor defende ainda que o esquema tenha facilitado a entrada e a saída de drogas em Pernambuco, uma vez que o número de apreensão durante o período é praticamente nulo.

A operação tem como alvo policiais rodoviários federais lotados nas Delegacias e Postos situados nas rodovias federais BR´s 101, 232, 408, das cidades de Igarassu, Carpina, Cabo, Ribeirão, Moreno, Gravatá, Caruaru, Quipapá e São Caetano. Eles são acusados de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional.

As investigações, realizadas em segredo de justiça, apontaram para a prática de diversos crimes através da omissão nas fiscalizações e recebimento de vantagens indevidas, como cobrança de pedágios ilegais nas rodovias federais. De acordo com dados levantados pela operação, os policiais ainda ofereciam trânsito livre para que veículos de transporte alternativo, empresas de logística e transportes não fossem fiscalizados. Os empresários e representantes destas empresas também foram identificados e estão sendo responsabilizados pela prática criminosa.

A maior operação realizada pela PRF nos últimos cinco anos cumpriu ainda 62 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em repartições públicas, sete em empresas e 45 nas residências dos envolvidos. Todo o material apreendido foi levado para a sede da PF, no Recife.

A ação contou com a participação de 280 policiais federais de sete estados (Alagoas, Paraíba, Ceará, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco) e 200 policiais rodoviários federais das Corregedorias Geral e Regionais e Grupos Especializados de 14 estados (Goiás,Mato Grosso,Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará,Piauí, Maranhão, Pará, Sergipe, Distrito Federal e Tocantins).