Acidentes como este de Goiás se repetem todos os anos e não aprendemos com eles.

Precisamos aprender com as tragédias como essa de Goiás

Por Rodolfo Rizzotto – Coordenador do SOS Estradas
O acidente ocorrido na BR-020 em Goiás, envolvendo um ônibus da Expresso Guanabara e duas carretas, que resultou na morte até o momento de 8 pessoas e pelo menos 30 feridos, é apenas mais um dos tantos que já ocorreram no país e que se repetem porque não aprendemos com eles.
Neste caso específico o motorista do ônibus provavelmente cochilou ao volante. A empresa diz que ele estava descansado mas é preciso apurar as condições de jornada deste e dos demais profissionais da empresa para verificar a veracidade desta informação. Afinal, é de conhecimento geral que motoristas profissionais, tanto caminhoneiros como motoristas de ônibus, trabalham longas jornadas, sem condições de descanso adequadas. Principalmente os carreteiros que dormem em minúsculas cabines, sem conforto nem segurança.
Curiosamente não apareceram até o momento informações sobre o registro do disco diagrama do tacógrafo dos três veículos do acidente de Goiás. Com esse equipamento obrigatório é possível identificar a velocidade praticada em todo trajeto por cada condutor, tempo de direção e distância percorrida, inclusive comportamentos que possam indicar possível fadiga.
Numa das carretas envolvidas no acidente estava ao volante um condutor com CNH categoria B que não permite dirigir carreta que exige categoria E além do exame toxicológico. Como se não bastasse, o indivíduo era procurado pela Justiça.
Na nossa avaliação todos os motoristas deste caso deveriam passar pelo exame toxicológico de larga janela que permite identificar o uso regular de drogas nos últimos 90 dias. Assim é possível apurar jornadas excessivas, já que as drogas entre motoristas profissionais é normalmente utilizada para se manter acordados.
Este acidente nos faz lembrar outro ocorrido em junho passado, na BR-101, no Espírito Santo em que um motorista de carreta, transportando granito, invadiu a pista contrária e colidiu com um ônibus e uma ambulância. Na ocasião morreram 23 pessoas, inclusive o motorista da carreta que estava sob efeito de anfetaminas e cocaína. Drogas que segundo a esposa usava para ficar acordado. Além disso, o veículo estava irregular, ele dirigia com excesso de peso, tinha multas suficientes para suspender a carteira. A transportadora era investigada pelo Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal por diversas irregularidades, Enfim, uma série de fatos que contribuíram para aquilo que as pessoas qualificaram como acidente.
Portanto, o que precisamos é investigar os acidentes, apurar as responsabilidades, inclusive das autoridades e aprender de fato com essas tragédias para que eles não se repitam. Pelo menos em respeito as vítimas e seus familiares.