Apesar de o setor de transporte de carga reivindicar a isenção da cobrança de pedágio para uso do Rodoanel, o governo do estado de São Paulo não vê abertura suficiente para essa discussão. “Não vejo nada indicando que deva haver cobrança de um e não de outro. A priori haverá cobrança para todos”, disse hoje o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernando Ribeiro Fernández.

Na avaliação dele, o setor já teria ganhos de produtividade com a obra do Rodoanel, reduzindo o tempo de transporte e os gastos com combustível. Fernández lembra que quando o setor procurou o governo federal para ajudar no empreendimento, o argumento era de que eles teriam 30% na redução de custos para trafegar na região.

O secretário não descarta, entretanto, discussões em torno do modelo de cobrança, como por exemplo considerar o pedágio por veículo e não por eixo, como é feito atualmente nas rodovias.

Para Geraldo Vianna, presidente da Associação Nacional dos Transportes de Carga e Logística, se houver cobrança de todos os usuários, corre-se o risco de os caminhões continuarem usando as marginais.

“O caminhão pode acabar trocando o congestionamento pago do Rodoanel pelo gratuito das marginais”, disse.

No entendimento de Vianna, o ideal seria cobrar apenas dos automóveis para evitar que esses motoristas utilizem o Rodoanel como uma “avenida”.

“Se for para cobrar, que seja do carro de passeio, porque o Rodoanel não é para ele”, diz. Vianna acrescenta, ainda, que o risco maior para a operação de transporte de carga nessa via é o governo adotar o modelo usado nas rodovias, com pagamento por eixo. “Isso não é inteligente (o custo maior de operação) e acaba refletindo nos preços das mercadorias. É o aumento do Custo Brasil “.

Vianna a Fernández participaram hoje do seminário “Desafios e Soluções para o Tráfego Urbano”, promovido pelo jornal Valor Econômico em São Paulo.