O presidente da Agetop, Jayme Rincón, afirmou que a possibilidade de se cobrar pedágios nas rodovias estaduais foi cogitada desde o início pelo Governo do Estado, e que um dos grandes impedimentos à época foi o fato de o governo federal não ter se manifestado a respeito. Segundo ele, a partir do momento em que o Estado cobrasse pedágio em suas rodovias e o governo federal não, haveria uma rota de fuga das rodovias estaduais para as federais. Neste caso, o pedágio não seria interessante porque o movimento nas GOs cairia e o Estado não conseguiria atrair a iniciativa privada.

“Agora acontece exatamente o oposto. A partir do momento em que o governo federal anunciou que vai conceder as rodovias federais haverá uma rota de fuga para as rodovias estaduais e, com isso, o nosso custo de manutenção vai lá para o alto, nós teremos um crescimento enorme no custo de manutenção das GOs, pelo aumento natural do fluxo de veículos nessas rodovias, até mesmo como uma alternativa para quem trafega por todas elas,” explica.

Rincón afirmou que o governo vai retomar os estudos considerando que o governo federal vai cobrar pedágio nas rodovias federais. “O modelo deles já foi divulgado e esta era outra dúvida que nós tínhamos, sobre qual modelo adotar, e nós vamos trabalhar nessa mesma linha para conseguirmos fazer um projeto que complemente o do governo federal”, afirma.

Segundo ele, depois dos prontos, os estudos serão submetidos à apreciação do governador que, desde o início, deixou muito claro que é a favor da concessão de rodovias. “Os exemplos que nós temos, não só no Brasil como no mundo, de rodovias concedidas, são fantásticos porque soluciona definitivamente o problema de tráfego nas principais vias de acesso do país”. Segundo Rincón, o governador determinou que nos estudos fosse colocada uma cobrança de pedágio condizente com a realidade sócio econômica do Estado, e que o pedágio só fosse cobrado após a conclusão da duplicação da rodovia.

Em coletiva no Palácio Pedro Ludovico durante reunião com prefeitos, o governador Marconi Perillo afirmou que a concessão das rodovias federais é uma demonstração de que a presidente Dilma e o governo federal não estão fazendo demagogia com assuntos sérios, mas que estão enfrentando problemas que precisam ser enfrentados e para os quais falta dinheiro; ao mesmo tempo em que quebra ideologicamente a discussão de que governos tucanos ou de outros partidos sejam privatistas. “A realidade é que a população quer serviços de boa qualidade e o setor público tem pouco dinheiro para transformar os serviços públicos em serviços de alta qualidade, então acho natural que isso ocorra; se os pedágios têm custo elevado ou não, cabe aos parlamentares e à população discutir isso, e apontar acertos ou erros,” afirmou Marconi. Segundo ele, essa é uma tendência que vai acontecer em todo o Brasil.

“Vale muito mais você ter um pequeno pedágio e ter boas estradas, evitando assim prejuízos, mortes e acidentes nas rodovias. Eu sou apenas contra a cobrança de valores elevados porque isso iria onerar muito tanto na competitividade do Estado como no orçamento das famílias, mas se for uma coisa razoável e honesta é, na minha opinião, uma saída lógica.” Marconi afirmou ainda que é bom que essas concessões (das rodovias federais) ocorram em uma gestão petista porque representa uma quebra de paradigmas. “À medida que isso ocorre no governo de um partido que sempre falou o contrário, fica claro e evidente que esses tabus precisam ser quebrados por todos, independentemente de colorações partidárias ou ideológicas,” concluiu o governador.