O buraco no caminho, o asfalto irregular, a falta de policiamento e o lixo espalhado pelas estradas brasileiras se transformam em despesa extra no bolso do brasileiro. Em média, 50% a 60% do preço dos produtos é formado por repasse dos prejuízos da ineficiência logística mais tributos embutidos. “A ineficiência logística é tão pesada quanto a carga tributária”, diz o professor da Faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (IBS/FGV) Hugo Ferreira Braga Tadeu. Para comparar, nos Estados Unidos, a mesma equação resulta em 25% do preço dos produtos.
De acordo com dados do Banco Mundial (Bird), 62% do que se produz no Brasil é transportado por rodovias, a maioria delas em condições bem aquém do recomendável. Apenas 13% das estradas brasileiras são pavimentadas. O índice é o pior entre os chamados Bric, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Na China, a pavimentação chega a 54% das estradas, na Índia fica em 49% e, na Rússia, 80%.
Mesmo nas rodovias pavimentadas – em tese, as melhores -, a situação não é boa. Somente em 41,2% delas, o motorista roda em condições ótimas ou boas para trafegar, aponta a pesquisa CNT de Rodovias, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que leva em conta pavimentação, sinalização e geometria das vias.
Em Minas Gerais, a situação é ainda pior. A classificação ótima ou boa só aparece em 31,6% das estradas pavimentadas, o que se torna um problema para setores como o de laticínio. Muito sensível e altamente perecível, o leite sai das fazendas geralmente por estradas precárias e de terra e não para de trepidar dentro do caminhão quando alcança o asfalto das BRs.
“Se as rodovias federais, que deveriam ser as melhores, já estão em estado de calamidade, você consegue imaginar como estão as vicinais? Principalmente em época de chuva, é comum perder produto porque o caminhão atolou, caiu no buraco, quebrou”, diz o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira. Ele destaca que tanto em estradas de terra, quanto nas rodovias federais há buracos, pistas estreitas e sinalização precária.
O que acontece com o leite se repete em quase todos os setores, destaca o consultor técnico do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de Minas Gerais (Setcemg), Luciano Medrado. “Praticamente tudo que se consome passa por um caminhão e enfrenta os problemas das estradas. A conta acaba com o consumidor”, afirma.
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