CURITIBA – As obras de pavimentação da Estrada do Cerne (PR-090) pelo Exército vão ganhar novo impulso, de acordo com o que foi definido na terça-feira (20) numa reunião no Palácio Iguaçu entre o governador Roberto Requião, o general-de-divisão Paulo Komatsu, do 10º Batalhão de Engenharia de Construção de Lages (SC) e secretário dos Transportes, Rogério Tizzot. O general anunciou que o grupo vai iniciar, dentro de um mês, uma nova frente de trabalho, vinda de Castro em direção a Curitiba. O governo do Paraná deve investir R$ 15 milhões nas obras em 2007.

De acordo com o governador Roberto Requião, é uma prova de que a parceria com o Exército funciona e deve continuar. “Vamos prosseguir essa parceria com duas frentes. De Castro até a Região Metropolitana e de
Curitiba até Piraí do Sul, como já vem acontecendo com bom andamento”, revelou. “É uma parceria exemplar que já fizemos na construção da Ferroeste e estamos repetindo agora com o mesmo êxito na estrada do Cerne”, finalizou o governador.

O secretário Tizzot, também diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), informou que a ampliação do trabalho deve ser iniciada o mais breve possível. “Aguardamos apenas o tempo de mobilização, de deslocamento e de instalação da equipe de trabalho e dos equipamentos”, explicou.

Ainda segundo o secretário, a nova frente será instalada mediante um aditivo ao convênio original firmado pelo governo do Paraná com o Exército Brasileiro, que já prevê – além da pavimentação dos primeiros 16 quilômetros da estrada até a segunda ponte do rio do Cerne – a execução do projeto de engenharia para o asfaltamento de outros 20 quilômetros.

“Com o novo acordo entre o governo do Paraná e o Exército Brasileiro, ficamos cada vez mais próximos da implantação da rodovia em toda a sua extensão de 123 quilômetros”, esclareceu o secretário.

Andamento – O sonho dos moradores da região de Campo Magro já começa a se tornar realidade. Dos primeiros 16 quilômetros previstos para pavimentação da PR-090 no convênio com o Exército, mais de três quilômetros estão pavimentados. “Há mais de 10 quilômetros de terraplenagem e obras de drenagem completamente finalizados, sendo que quatro estão prontos para receber a pavimentação”, informou Tizzot, lembrando que a previsão de conclusão desta etapa é para o mês de setembro.

Estradas da Liberdade – A Estrada do Cerne (PR-090) faz parte de uma das rotas alternativas ao pedágio, conforme o programa Estradas da Liberdade, lançado neste primeiro ano do segundo mandato do governador Requião. A estrada será uma opção de tráfego até o Norte do Paraná. Todo o programa prevê investimentos de cerca de R$ 200 milhões e a criação de cinco caminhos alternativos até 2010.

O secretário dos Transportes explicou que essas obras fazem parte de serviços melhorias que vão envolver todas as rotas alternativas. “Estamos preparando as estradas para que comportem o movimento diário de cargas. É um processo que começou e continua com a recuperação do pavimento e que será ampliado com a melhoria da sinalização e com a implantação de balanças móveis”, destacou.

O primeiro eixo é o que envolve a Estrada do Cerne, ligando Curitiba à região de Londrina, como alternativa à rodovia do Café, evitando quatro praças de cobrança de pedágio.


Histórico da Estrada do Cerne

A Estrada do Cerne foi a principal obra da década de 1930, época em que foi considerada “a maior rodoviária que se construiu no Paraná em todos os tempos”. Faz a ligação entre o Sul e o Norte do Estado, passando por diversos municípios, entre eles Curitiba, Campo Magro, Piraí do Sul, Ventania, São Jerônimo da Serra, Jataizinho, Bela Vista do Paraíso e Alvorada do Sul, já na divisa com São Paulo.

Durante 20 anos, a Estrada do Cerne se tornou uma das principais vias de escoamento da produção agrícola, notadamente do café, que antes era em grande parte exportado pelo Porto de Santos, através da Estrada de Ferro Sorocaba, e passaria, desde a década dos anos 40, a movimentar o Porto de Paranaguá.

Os reflexos da via na região de sua zona de influência foram imediatos. Três grandes empreendimentos industriais foram erguidos ao longo e nas imediações da nova estrada: uma indústria de papel, a exploração em grande escala do carvão paranaense em Figueira e a usina de açúcar em Porecatu, que atraíram capitais paulistas sob o estímulo das facilidades criadas pelo interventor Manoel Ribas.

O Paraná não só cresceu como celeiro agrícola e maior exportador de café do Brasil, como também se industrializou a passos largos, transformando o Porto de Paranaguá num dos mais importante do País.

No início dos anos 60, com a abertura da Rodovia do Café, inteiramente asfaltada entre Ponta Grossa e Apucarana, o tráfego mais intenso deixou de lado a Estrada do Cerne, que começou a perder a importância, juntamente com
quase toda a região por ela servida.

Além disso, o deslocamento da fronteira agrícola, depois de saltar o Rio Tibagi e de se expandir para o Nordeste e o extremo Oeste, provocou o esvaziamento econômico e demográfico da área. Hoje, com a revitalização da estrada, o governo do Estado pretende voltar a fortalecer a economia da região.