Falta de fiscalização e insegurança marcam o Dia Nacional do Condutor de Ambulância
PERIGO: No Dia Nacional do Condutor de Ambulância, profissional potiguar denuncia falta de fiscalização e descaso das autoridades. Foto: Divulgação/CBGO/Ilustrativa

Incluída no calendário oficial do Brasil, em 2021, o Dia Nacional do Condutor de Ambulância passou a ser comemorado anualmente em 10 de outubro

Nesta terça-feira, 10 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Condutor de Ambulância em todo o País. Mas, a classe trabalhadora não tem motivos para lembrar da data. Isso porque, a categoria não tem sido reconhecida como deveria.

A constatação é de quem está na profissão há quase 10 anos, o potiguar Fernando Carvalho, condutor de ambulância há 9 anos e 8 meses, em Coronel João Pessoa (RN), no sudoeste do Rio Grande do Norte, distante 442 quilômetros da capital Natal.

Em entrevista ao portal Estradas, Carvalho – que trabalha no único hospital da cidade em uma escala de 1 por 4 (trabalha 24h e descansa 96) -, disse que a falta de fiscalização das autoridades e de apoio à classe são os maiores problemas enfrentados por ele e pela maioria dos condutores, principalmente, no Nordeste do Brasil.

“Há falta de equipamentos obrigatórios, como pneus e manutenção geral são a realidade do dia a dia do nosso trabalho. As condições das ambulâncias é, na maioria das vezes, precária. A manutenção não está adequada às necessidades, desde 2016”, frisou.

Falta de preparo

Segundo Carvalho, outro grande problema é a falta de preparo dos condutores. “A maioria dos condutores é despreparada. E isso coloca em risco a segurança dos pacientes e dos demais profissionais que atuam nas ambulâncias. Eu já tentei contato com várias autoridades, mas somente quatro deram resposta”.

DESCASO: Na maioria das cidades brasileiras, a situação de precariedade nas ambulâncias é real e calamitosa, diz Carvalho. Foto: Arquivo pessoal

Com uma população de pouco mais de 4,2 mil habitantes (Censo 2022), Coronel João Pessoa tem apenas um hospital, e três ambulâncias para os serviços de saúde, que incluem remoção de pacientes a outras cidades, socorro a sinistros em vias urbanas e rodoviárias,  atendimento domiciliar, entre outros.

De acordo com Carvalho, até que as três viaturas da cidade estão em condições um pouco melhores que a maioria dos veículos que atuam no ramo na região.

“Somos em 10 condutores que se revezam em turnos. Nossa escala é correta. Mas, tenho informações de que muitas cidades de nossa região sofrem com o descaso das autoridades. Eu  já fiz denúncias no Ministério Público do Trabalho alertando-os para os problemas, mas nada mudou. “Não precisamos de mais de tragédias, e , sim de fiscalização eficaz e contínua”, disse, indignado.

NA LUTA: Fernando Carvalho, condutor de ambulância há 10 anos, em Coronel João Pessoa (RN), não se cansa de lutar por melhorias. Foto: Arquivo pessoal

Acerca das leis

A reportagem questionou Carvalho sobre o cumprimento das leis que envolvem o setor, além da legislação do exame toxicológico obrigatório e uso de drogas. Segundo ele, o exame toxicológico é feito a cada 2 anos e meio, conforme prevê o CTB.

Já quanto ao uso de drogas por parte dos condutores, Carvalho citou o caso recente, em maio deste ano, de um condutor de ambulância, de 40 anos, que atua no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), envolvido em tráfico de drogas na região do Alto Oeste potiguar.

Sinistros confirmam precariedade

Conforme denúncias de Carvalho, a reportagem levantou vários casos de sinistros (acidentes), em 2023, envolvendo condutores de ambulância.

O mais recente ocorreu nesse domingo (8), na GO-020, entre Bela Vista de Goiás (GO) e Cristianópolis (GO), com a morte de uma criança e um adulto. Segundo o Corpo de Bombeiros, outras 4 pessoas ficaram feridas.

O sinistro envolveu uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Ipameri (GO). A colisão entre a van e o carro de passeio foi frontal, segundo os militares.

MORTES: Colisão na GO-020 deixou dois mortos, sendo uma criança, nesse domingo (8). Foto: Divulgação/CBGO

Além desse grave sinistro, a reportagem separou algumas outras ocorrências. Mas o balanço de sinistros é extenso:

  • Anel Viário de Nova Andradina (MS), 3/10/23, com 9 feridos
  • BR-262, em MG, 9/9/23, com 4 feridos
  • BR-251, em GO, 21/9/23, com duas mortes
  • BR-262, em ES, 28/9/23, com 1 ferido
  • BR-116, no RJ, 22/9/23, com 4 feridos
  • BR-386, no RS, 21/6/23, com 1 morte e 3 feridos

O que diz a lei

A profissão de condutor de ambulância tem que ser exercida por um profissional habilitado para condução de veículo de emergência e ter curso específico de socorrista. Além disso, o profissional deve demonstrar perícia ímpar para chegar a tempo ao seu destino, cuidando para que o trajeto seja, ao mesmo tempo, breve e seguro.

4 COMENTÁRIOS

  1. Como tem dia pra comemorar se o presidente nem regulamentou nossa profissão , aqui no Rio de janeiro nenhuma empresa paga o piso salarial , uma verdadeira bagunça e descaso com a gente .

  2. Sou condutor e socorrista a 12 anos, graças a Deus sem acidentes, estão pagando miséria pra gente que fica de plantão 24 horas salvando vidas, estamos na verdade e sem valor esses episódios ai citados sem em todas as profissões.

  3. Aqui na Região de Conquista as ambulância em especial de prefeitura, só anda pela misericórdia é parabrisa quebrado sem cinto de segurança sem farol sem fiscalização. As as úteis avançada a gente trabalha e não recebe inclusive na Ultra Vida mais não existe fiscalização para ambulância e quando tem um acidente aí sim fazem um foguinho que logo apaga!

  4. Tecerizaçao, empresas de ambulância, salário é uma piada, VR alimentação é uma piada ,queremos concurso público e a nosso projeto de lei, pois fazemos vários cursos, como socorrista e atuamos como socorrista e ganhamos como só condutor que já não é fácil correr e fazer o tempo de resposta com ambulância sem manutenção, só se fala mal do condutor e salário é uma piada, mas sem o condutor, não se chega na vítima sem o mesmo ,Tecerizaçao é bandidagem pois prefeitos recebem proprina das empresas e não se importa se o empresário é mafiosos facções agiotas traficantes e bicheiros, as ambulância doadas pelo governo federal firam sucatas sem manutenção pois favorecem Tecerizaçao de ambulância hospitais, e os condutores e pacientes e vítima que se lasque

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