Motoristas reclamam de fluxo intenso de veículos, pessoas e riscos de assaltos.

Sapucaia Do Sul – A vida de quem mora ou trafega de forma rotineira ao longo dos 22 quilômetros da RS-118 que separam a BR-116 em Sapucaia do Sul da BR-290 (free way) em Gravataí é cheia de desafios e perigos. Considerada uma estrada estratégica pelo Estado e uma das principais ligações entre a região metropolitana e o litoral norte, a rodovia de pista simples apresenta muitos problemas como falta de acostamento, sinalização precária, buracos, ondulações no asfalto e margens totalmente tomadas por casas ou empreendimentos. Estas características são os principais motivos de acidentes, mortes e assaltos registrados no local.

Para tentar melhorar as condições da rodovia, o governo estadual incluiu a RS-118 no programa Duplica RS e retomou, mediante acordo com a Construtora Triunfo Ltda, as obras de ampliação de capacidade com a execução de uma nova pista em dez quilômetros, no trecho pertencente a Gravataí, construção de ruas laterais e recuperação da pista existente no município, que tem mais de 30 anos de pavimentação, em um orçamento de R$ 28,5 milhões. Os trabalhos foram paralisados em novembro e retomados no começo desta semana depois de novo acordo entre o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a empreiteira. Ontem máquinas já estavam de volta à estrada e hoje os operários devem retomar suas funções de forma integral.

PASSARELA – Os motoristas que se utilizam da RS-118 diariamente confirmam a necessidade de melhorias urgentes. ‘‘É terrível trafegar por aqui. A pista é cheia de ondulações, saliências e buracos, além de ter muita casa em volta de moradores que não se utilizam da passarela’’, diz o motorista Altemar de Ávila Soares, 36 anos, que passa pela RS-118 duas vezes por dia. ‘‘Outra questão são os pedestre e ciclistas. Outro dia quase atropelei um rapaz de bicicleta bem de baixo da passarela, pois ele simplesmente entrou na faixa ao invés de subir alguns lances de escada.’’

Além da precariedade da estrada, o também motorista José Elias Vargas Garcia, 38, que passa pela estrada todos os dias e teve até um balão de um eixo de seu caminhão furado na rodovia, apontou o perigo da ação de ladrões. ‘‘Como a pista é simples e o fluxo é grande não tem como andar rápido e os ladrões se aproveitam disso para tentar parar caminhões. Já tive minha cabine alvejada por dois tiros, mas não parei e consegui escapar, bem como colegas que foram alvos de pedradas.’’

Moradores têm 15 dias para deixar margens

Além de enfrentar o movimento calculado pelo Estado de 11,4 mil veículos diariamente, os moradores do bairro Capão da Cruz, que é cortado ao meio pelos primeiros quilômetros da RS-118 em Sapucaia do Sul, têm mais uma grave preocupação para pensar: a necessidade de remover suas casas da área de domínio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Na manhã de ontem, representantes do Daer entregaram notificações para pessoas que vivem no local informando que elas têm 15 dias para fazer a retirada de seus imóveis. Os moradores alegam que não têm para onde ir.

É caso da dona de casa Loreni Helena de Melo, 60 anos, de Sapucaia. ‘‘Recebo um auxílio doença de pouco mais de 400 reais e moro aqui há 17 anos. Não sei como vou fazer para arrumar outro local nesse prazo que eles deram.’’ Ela apontou que, se lhe oferecerem um local digno para morar, como um loteamento por exemplo, deixa as margens da rodovia.

O secretário municipal de Habitação de Sapucaia do Sul, Amaury Soares Pinheiro, diz que a situação das famílias que moram nas margens da RS-118 chegou a ter encaminhamentos em 2004. ‘‘O Estado comprou uma área no bairro Santa Luzia, que foi invadida pouco depois e tem hoje um processo de reintegração de posse parado no Fórum de Sapucaia. Além disso, lembro que em 2004 foram assentadas no bairro Colina Verde cerca de 80 famílias oriundas das margens da RS-118. Após isso, nada mais foi feito, mas a prefeitura segue aberta para o diálogo.’’

Assinado contrato para conclusão da VRS-873

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) assinou ontem o contrato para a conclusão da VRS-873 (nova denominação da VRS-833), ligando Santa Maria do Herval à BR-116. A empresa Ipiranga Engenharia Ltda., vencedora da licitação, deverá iniciar os procedimentos para começar a obra, enquanto aguarda a ordem para o início dos serviços.

Os 2,4 quilômetros de extensão incluem o entroncamento com a rodovia federal e devem ser aplicados R$ 3.179.545,00, com recursos do tesouro do Estado. O prazo para conclusão da obra é de 420 dias contados a partir da ordem de início.
O início da pavimentação da rodovia vicinal ocorreu em 1998 e no segundo semestre de 2003 haviam sido pavimentados 12 km, com um investimento de R$ 10,7 milhões. Em 2004, o Daer deu início ao processo para licitar a conclusão da drenagem, terraplenagem e pavimentação da extensão faltante.