Os 40 mil passageiros que deixaram Belo Horizonte no sábado enfrentaram filas, tumulto e atrasos no Terminal Rodoviário Israel Pinheiro, no Centro da cidade. A paciência teve que prevalecer antes mesmo de embarcar, devido ao intenso volume de veículos na Avenida Afonso Pena e imediações. Nos dois dias anteriores do feriado, todos os 1,2 mil ônibus extras foram usados. com a capacidade máxima, e outros 180 serão destinados a quem for viajar neste domingo. Apesar da crise na aviação civil, o gerente da rodoviária, Ricardo Coutinho, garante que a quantidade de pessoas que trocaram o avião pelo ônibus foi pouco expressiva. “Ainda não sentimos um reflexo no aumento de vendas de passagens, mas houve um pequeno número de viajantes que preferiu o transporte rodoviário ao aéreo”, disse.

Cerca de 80 mil pessoas já deixaram a capital tendo como destino, na maioria dos casos, o interior de Minas para passar as festas de Natal. “O aumento de passageiros é significativo nesse período. Normalmente, viajam cerca de 15 mil pessoas diariamente e, com a chegada das festas de fim de ano, o movimento cresce 100%”, afirma o gerente. Havia filas até para descer as escadas das plataformas de embarque. As bagagens no chão se confundiam com os passageiros que, por causa do atraso, se deitavam sobe as malas para tirar um cochilo. A demora para saída de alguns ônibus chegou a quase uma hora.

O gerente explica que os atrasos são inevitáveis, principalmente devido ao tráfego nas imediações do terminal. “ O volume de carros no entorno da rodoviária está muito grande e há congestionamentos. Por isso, até os ônibus estão enfrentando filas para entrar no terminal. É preciso paciência e bom humor para enfrentar esse período”, diz Coutinho.

Geralda Maria de Oliveira, de 67 anos, aguardava o ônibus para Leme do Prado, no Vale do Jequitinhonha. Com um travesseiro nos braços, não via hora de rever os netos. “Estava fazendo tratamento de saúde há quase um ano em BH e agora vou poder passar o Natal com minha família. A rodoviária está lotada, mas espero que meu ônibus não atrase tanto”, disse.

A carioca Juliana Barcelos, de 23, e a prima Thays Barcellos, de 19, se renderam ao cansaço e se escoraram em suas bagagens, no chão da plataforma de embarque. “Nosso ônibus já está atrasado 30 minutos, mas acredito que estamos melhor do que os passageiros que decidiram ir de avião”, afirmou Juliana. Já os professores Jaqueline Ourives Santos, de 32, e Agostinho Santos, de 43, ambos deficientes visuais, reclamaram da falta de estrutura na rodoviária. “ Fomos muito maltratados. Além de não ter rampas, precisamos da ajuda de outros viajantes para encontrar nosso ônibus, pois funcionários da rodoviária não nos ajudaram como precisávamos. Tratar bem os deficientes físicos é uma questão de cidadania”, disse Jaqueline.

Gargalo

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o fluxo de veículos nas principais rodovias que cortam Minas foi tranqüilo pela manhã. O inspetor da PRF, Aristides Júnior, informou que apenas a BR- 381 apresentou problemas. No fim da tarde, o congestionamento chegou a 15 quilômetros, no trevo de Santa Luzia, saída para Vitória. “A retenção do trânsito ocorreu principalmente pela estrutura da via. Ao contrário das outras saídas de Minas, como a BR- 040, a pista da 381 é simples, o que provoca um gargalo no trânsito. Calma e prudência nas ultrapassagens são necessárias para garantir uma viagem segura”, explicou.