Anunciada com pompa na segunda-feira pelo Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), a Operação Estado Presente – que pretendia aumentar a fiscalização sobre veículos irregulares em circulação nas ruas – parece já ter perdido o fôlego em seu segundo dia de atuação no Estado do Rio. Na terça-feira, o “Extra” esteve, entre 11h30m e 13h, em cinco dos 17 pontos de fiscalização e, em quatro, não encontrou fiscais do Detro. A operação, no entanto, deveria estar em andamento, já que estava prevista para ocorrer das 6h às 20h. Com a redução do número de fiscais, caiu também a quantidade de veículos apreendidos.

Na terça foram recolhidos 20, mas no primeiro dia foram 55. Uma queda de 63%.

Um ônibus da Força Especial de Fiscalização do Detro estava estacionado por volta das 11h30m na Ponte Rio-Niterói, na altura da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Um reboque do Detran também estava no local. Não havia, contudo, qualquer funcionário fiscalizando os veículos que chegavam à Ponte. O quadro era o mesmo às 13h.

A Ponte Rio-Niterói foi, aliás, o lugar escolhido para o lançamento, na segunda-feira, da Operação Estado Presente. Participaram do ato o presidente do Detro, Rogério Onofre, e o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes.

No entroncamento das avenidas Jansen de Melo e Feliciano Sodré, no Centro de Niterói, a situação era pior: por volta das 11h35m, sequer havia um ônibus da Força Especial. Os motoristas em situação irregular trafegavam pela região sem serem importunados.

Na Rodovia Amaral Peixoto (RJ-104), na altura do bairro Baldeador, em Niterói, o ônibus da fiscalização estava estacionado num posto de gasolina às margens da rodovia, por volta das 11h50m. Moradores disseram que os fiscais estiveram no início da manhã na pista sentido Ponte e, às 11h, deixaram o local.

Na Rodovia RJ-106, que liga São Gonçalo à Região dos Lagos, o ônibus que deveria ficar baseado na altura de Rio do Ouro não estava mais lá. Não havia também fiscais.

Topiqueiros dizem que são perseguidos

O Detro informou que vai verificar as denúncias sobre a falta de fiscais em cinco dos 17 pontos de fiscalização da Operação Estado Presente. Em nota oficial, o órgão estadual esclareceu que se for detectada alguma irregularidade serão tomadas todas as medidas necessárias para regularizar a fiscalização. Os funcionários se revezam em dois turnos: das 6h às 13h e das 13h às 20h.

O relações-públicas do Sindicato dos Proprietários de Vans, Marcelo Cerqueira, classificou de “mentirosa” a operação deflagrada pelo Detro. A fiscalização tem o apoio das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, do Detran, das guardas municipais e das secretarias estaduais de Fazenda, do Ambiente e de Saúde. Ao todo, a expectativa era reunir mais de dois mil fiscais.

– Não acredito nessa força-tarefa que, quando fiscaliza, só aborda os motoristas de van. Os ônibus, piratas ou não, não estão sendo vistoriados. Não sou contra a fiscalização, mas ela deve funcionar para todos – disse Cerqueira.

O Detro desmentiu também a acusação de que somente vans são fiscalizadas. Segundo o orgão, no primeiro dia de atuação, sete ônibus foram apreendidos e oito multados. Já o número de vans recolhidas chegou a 31.