Um acidente envolvendo uma caminhonete e uma carreta cegonheira, na BR-040, perto do trevo de Ouro Preto, por pouco não acabou em tragédia. Por volta das 14h de domingo, a fumaça de um incêndio na Serra da Moeda invadiu a estrada e reduziu a visibilidade dos motoristas, no sentido BH-Rio. Receioso de seguir, o condutor de um Fiat Doblô parou na pista, exemplo seguido por uma caminhonete Ford Ranger, com placa de Ouro Branco, que vinha em seguida. Uma cegonheira, com placa de Contagem, carregada de veículos, não conseguiu parar e bateu na traseira da caminhonete.

Os dois veículos saíram da pista e caíram em um buraco a poucos metros da mata em chamas. Em poucos minutos, as chamas alcançaram os veículos, que pegaram fogo. Por causa do impacto do acidente, o empresário Anísio Bissioti, de 55 anos, motorista da caminhonete, desmaiou e foi socorrido pelo genro, Ernani Mauro, de 36, que estava no banco do passageiro. Minutos depois de retirar Bissioti do veículo, o fogo atingiu a caminhonete. “Nascemos de novo”, disse Mauro.

Ainda assustado, Bissioti bebia água com as mãos trêmulas. Os dois voltavam de uma pescaria em Felixlândia, a 311 quilômetros de Ouro Branco, onde moram. Torradas pelo fogo, cinco piabas, com pouco mais de 20 centímetros, resultado da pescaria, ficaram estendidas no asfalto. Como havia risco de explosão dos veículos, 16 agentes do Corpo de Bombeiros da capital chegaram ao local em três caminhões, 40 minutos após a colisão.

“Os bombeiros demoraram muito. Se tivesse alguém preso nas ferragens, teria virado cinza”, afirmou o motorista da cegonheira, Robson Martins Vilaça, de 30. De acordo com o tenente Paulo Afonso Montezuma, do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, problemas na comunicação do acidente podem ter causado o atraso. “As pessoas que ligam para o 193 têm que explicar exatamente o que aconteceu. Quando recebemos a chamada, viemos em 20 minutos. Se houvesse vítima, o acionamento seria totalmente diferente”, afirma.

O motorista da cegonheira garante que, na hora do acidente, estava a 60 km/h. Ainda assim, não conseguiu frear o veículo, pois a visibilidade era nula. “Quando houve a colisão, virei para a direita e caí no buraco ao lado da pista. A idéia era atingir a pista da esquerda, por onde passavam os carros que iam para Belo Horizonte”, conta. Apenas três dos nove veículos da cegonheira ficaram intactos. Um teve danos parciais na traseira e os outros cinco foram totalmente destruídos. Eles seguiam para o Rio.

Para o combate às chamas, a Polícia Rodoviária Federal fechou, por cerca de duas horas e meia, as duas pistas da BR-040, perto do local, gerando um engarrafamento de dois quilômetros nos dois sentidos. Ônibus cheios misturavam-se a veículos carregados de bois, carretas com verduras e carros com famílias que voltavam para a capital.

Após apagar as chamas que atingiam os veículos, os agentes do Corpo de Bombeiros deixaram o local e interromperam o combate ao fogo, que continuou consumindo a Serra do Curral. “Monitoramos o fogo, que não tem chance de atingir residências ou fazendas”, disse o tenente Montezuma.