Sem conseguir conter a invasão de caminhões que transformaram a malha viária de Nova Odessa em rota de fuga por causa dos pedágios existentes nas rodovias próximas à cidade, o prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin (PDT), publicou decreto municipal em que proíbe a circulação de caminhões com mais de dois eixos (“trucados”) e carretas no perímetro urbano.

A nova regra será aplicada a partir do dia 19 deste mês e o motorista que descumprir a legislação será multado. A determinação não irá penalizar os caminhões ou carretas que tenham Nova Odessa como destino final ou ponto de entrega ou coleta. Muitos caminhoneiros fogem dos pedágios das rodovias Anhangüera e Bandeirantes, instalados próximos à cidade e invadem o perímetro urbano.

De acordo com o Departamento de Trânsito da cidade, nos horários de pico – das 7h às 9h e das 17h às 19h – circulam cerca de 140 caminhões pesados por hora em Nova Odessa.

Por causa desse fluxo intenso, essa é a segunda tentativa do prefeito para evitar o uso da cidade como rota alternativa para caminhoneiros. Em 2001, a Prefeitura instituiu três praças municipais de cobrança, mas as desativou em abril do ano passado.

A nova medida, de acordo com o texto do decreto, é para evitar o intenso e desagradável trânsito de veículos pesados em vias urbanas que não foram planejadas para o tráfego de veículos grandes, provocando congestionamento, aumento de acidentes, poluição ambiental e sonora, além de desgaste prematuro da pavimentação asfáltica.

“Nós iremos preservar o tráfego local e intermunicipal de cargas entre empresas das cidades vizinhas que trocam produtos, o que costuma ser feito com caminhões pequenos (de dois eixos) ou vans. Com isso, devemos resolver de 80% a 90% do problema principal, que são as carretas de fora da região que usam nossas ruas para desviar das rodovias”, disse o prefeito pedetista.

A fiscalização, de acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, será feita por 12 agentes de trânsito que ficarão nas vias utilizadas pelos caminhoneiros como rota alternativa para deixar de pagar taxas de pedágios.

Para fugir da rodovia Anhangüera, os motoristas utilizam a Rua Goiânia (Jardim São Judas Tadeu), a Avenida Carlos Botelho (Centro) e a Rua Ilda Pagne da Silva (que liga o bairro São Jorge ao Jardim Flórida). Já para se livrarem do pagamento do pedágio da Bandeirantes, os motoristas cortam pela Avenida Rebouças (Sumaré) e pela Rua Antelho Gazzetta (Nova Odessa).

Segundo a assessoria de imprensa, ao desviar a rota – que chega a 20 quilômetros – pela cidade um caminhão com vários eixos chega a economizar quase R$ 50,00 em taxas de pedágios.

A assessoria informou ainda que, apesar de o decreto que regulamenta a criação do Centro Expandido e disciplina o tráfego de caminhões pesados pela malha viária urbana da cidade ter sido publicado no último dia 31, a Prefeitura reservou a primeira quinzena desse mês para promover uma campanha de orientação aos caminhoneiros.

Os agentes de trânsito irão distribuir panfletos alertando sobre a proibição da circulação de caminhões com mais de dois eixos na cidade, além de informar que o caminhoneiro que utilizar a cidade como rota alternativa irá ser multado.

“Não temos como objetivo autuar os caminhões que passam pela cidade e, sim, fazê-los deixar de utilizá-la apenas como rota alternativa”, disse o procurador jurídico da Prefeitura, José Antonio Merenda.

AutoBAn já tentou saída para o caso

Em 20 de abril de 2006, Nova Odessa extinguiu as três praças municipais de pedágio instaladas em 2001 na cidade. As praças foram construídas pela AutoBan nas vias de saída da rota de fuga.

Na época, o prefeito de Nova Odessa, Manoel Samartin (PDT), disse que decidiu fechar as praças por considerar que elas trouxeram entraves para o desenvolvimento do município. O pedetista, no entanto, enfrentou problemas na Justiça em razão de ter concedido isenção da taxa da tarifa para moradores das cidades vizinhas.

A Justiça concedeu uma liminar do TJ-SP a partir de uma ação movida pela Procuradoria Geral de Justiça, exigindo que todos os veículos fossem cobrados. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contestou as isenções que eram concedidas aos veículos de Nova Odessa, Americana, Sumaré, Santa Bárbara d Oeste, Monte Mor e Hortolândia.

Sem saída, a solução encontrada foi extinguir as praças de cobrança, mas o problema não foi resolvido. De acordo com a assessoria de imprensa, desde o fim do bloqueio a Administração vinha procurando formas de resolver o problema sem prejudicar o desenvolvimento do setor produtivo de Nova Odessa e das cidades próximas.