O Governo do Acre reabriu ontem, pelo décimo ano consecutivo, o tráfego de veículos na rodovia BR-364 de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Antes de liberar a passagem de dezenas de caminhoneiros que esperavam ansiosamente pela autorização para seguir viagem, o governador Binho Marques inaugurou a ponte sobre o Rio Caeté, no município de Sena Madureira.
“É um momento simbólico essa abertura, e ao mesmo tempo real e concreto, porque conseguimos a cada ano encurtar esse período de abertura e estender ao máximo possível o prazo de permanência de tráfego na estrada. De uma maneira muito especial, este ano estamos abrindo com a inauguração da maior ponte da BR-364, com 210 metros e investimentos de mais de R$ 10 milhões. Com isso, ficamos cada vez mais otimistas com relação à conclusão dessa obra até 2010”, declarou o governador do Acre durante a solenidade de apresentação e entrega das obras.
Na oportunidade, o diretor-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre), Marcus Alexandre, afirmou que o trabalho de conclusão da ponte e a reabertura da estrada até o Vale do Juruá não foram tarefa fácil. Segundo ele, desde abril as empreiteiras que atuam no trecho estão mobilizadas para garantir toda essa integração.
“Estamos com seis frentes de serviços de Sena a Feijó, mais de 400 homens e 300 equipamentos mobilizados para o trecho. Essa intensificação das obras ocorreu nos meses de abril e maio, sendo que estamos com seis canteiros de obras nos 226 quilômetros que separam os dois municípios citados anteriormente”, ressaltou o diretor.
Para o prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, a entrega das obras é motivo de celebração para todo o município e região. “É efetivamente a vitória de quem ficou tanto tempo parado por conta dessa obra, que é uma bela demonstração de compromisso do governo federal, do governo Binho e da bancada federal com as pessoas que aqui moram”, enfatizou.
Manoel Almeida, prefeito de Manoel Urbano, comentou que ficou impressionado com a quantidade de máquinas trabalhando em diversos pontos da BR-364. “Isso demonstra o empenho do governo para beneficiar a nossa população. E essa ponte é a realização de um sonho”, acrescentou Almeida.
Dezenas de produtores rurais, trabalhadores da região, deputados estaduais e federais, vereadores e caminhoneiros participaram do ato de liberação do tráfego da BR e de inauguração da ponte sobre o rio Caeté.
Fim de 23 anos de sofrimento
O produtor rural Vicente Freire da Silva, 59, que há 23 anos mora no ramal 34 da Comunidade dos Baianos, contou que antes da entrega da ponte os moradores eram ilhados pelo Rio Caeté. Ele recordou que por diversas vezes teve que trazer pessoas na rede para atravessar o afluente e que o sofrimento era muito grande.
Vicente lembrou ainda que em 1992 mais de três mil pessoas que residem na região fizeram um abaixo-assinado o e entregaram a um parlamentar, que garantiu que iria viabilizar recursos para a construção da ponte, mas nenhum resultado foi visto.
“Mesmo assim, nunca deixamos de acreditar e hoje estamos vendo um sonho concretizado. Antes também sonhávamos com a abertura da BR, já hoje o sonho é ver um carro conseguir chegar até minha porta em pleno mês de fevereiro, no período de chuvas. E acredito que isso irá acontecer”, frisou o produtor rural.
O ex-deputado estadual Raimundo Sales, que nasceu no quilômetro 19 do mesmo ramal onde mora o produtor Vicente, diz que o município está de parabéns e que a entrega da ponte é uma das maiores alegrias que a população da cidade poderia ter. “Tudo isso graças ao compromisso do governo do Estado e também pelo empenho indiscutível do nosso prefeito, Nilson Areal”, assegurou.
A ponte sobre o Rio Caeté foi construída em 210 dias, em pleno inverno amazônico. A obra tem 210 metros de comprimento e 12, 8 metros de largura, tendo sido investidos aproximadamente R$ 10 milhões. O recursos são oriundos do governo do Estado e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT).
Máquinas na pista
Durante o ato de liberação do tráfego até Cruzeiro, o diretor do Deracre fez questão de pedir aos motoristas que redobrassem a atenção no último trecho de construção da BR, entre Sena e Feijó, com 235 quilômetros. Há um contingente de 150 trabalhadores operando mais de 100 máquinas na pavimentação da rodovia, além da construção simultânea de 11 pontes de concreto armado.
O tráfego intenso de carga nesse período e mais a movimentação dos comboios de máquinas em três turnos provocam uma cortina densa de poeira, que pode causar acidentes. A orientação é para que o motorista viaje com os faróis acesos mesmo durante o dia, jamais ultrapassando sob poeira.
“Pedimos aos caminhoneiros e outras pessoas que vão usar a BR este ano, principalmente de Sena a Feijó, que tomem um pouco de cuidado e tenham bastante cautela, já que temos alguns desvios. Isso acontece pelo fato de estarmos construindo a obra no período mais oportuno, que é o verão, e justamente nessa época também estamos reabrindo a estrada”, pontua Marcus Alexandre.
Caminhões levam mais alimentos para o Juruá
Segundo a maioria dos motoristas que mantinham seus caminhões na fila da balança do Deracre esperando a liberação da BR, 90% das cargas são de arroz, feijão e produtos alimentícios de grande durabilidade. A menor parte é de utensílios domésticos, vestimentas e outros.
O caminhoneiro Antônio Barbosa partia na manhã de ontem para o Juruá com seu veículo lotado de feijão (aproximadamente 150 fardos). “Lá vendemos sempre tudo que levamos. Os alimentos ficam mais em conta para a população da região, e nosso salário mais que dobra nessa época do ano”, comemora Barbosa, que há quatro anos trafega pela estrada.
Outro caminhoneiro, Marcondes Lima, que também tinha como carga somente alimentos, diz que esse é o décimo ano consecutivo que viaja pela BR-364. “A cada ano a estrada vem se tornando melhor para transitar e esperamos este ano obter um bom lucro”, comentou.
Resultados 2007
Passageiros transportados 18.987
Viagens de ônibus 192
Trânsito de motos 590
Trânsito de carro pequeno 3.036
Trânsito de caminhões 7.152
Trânsito de combustível 1.040.000 Lts
Trânsito de mat. construção 20.313 t
Abastecimento dos municípios 57.346 t
(aumento de 60% no transporte de produtos com relação ao ano anterior: medicamentos, estivas, bebidas, gêneros).